14.11.08

Paranóias políticas

Por Alfredo Barroso
SE OBSERVARMOS com atenção certos políticos que exercem o poder, verificamos que eles têm uma tendência patológica para sobrevalorizar as suas próprias qualidades, tendência essa que se traduz na mania das grandezas e numa ambição pessoal desmedida.
A megalomania – assim se designa tal tendência – conduz, regra geral, à interpretação errónea da realidade em consequência da susceptibilidade aguda do político, que acaba por se traduzir numa desconfiança extrema que pode chegar ao delírio persecutório.
Verifica-se, em suma, uma concentração patológica do político sobre si próprio, que se caracteriza, ao mesmo tempo, por um subjectivismo delirante e um alheamento do real. Este ensimesmamento, a que se chama autismo, acaba por desviar o político daquilo que o senso comum considera correcto e razoável, e leva-o mesmo a experimentar satisfação na prática de comportamentos estranhos, em que avultam a crueldade e a dissimulação.
Se quisermos aplicar à actualidade política portuguesa, continental e insular, esta grelha de perturbações mentais – na qual se entrecruzam megalomania, paranóia, autismo e perversidade – facilmente concluiremos que não serão assim tão poucos os políticos lusitanos cujos comportamentos paranóides os situam na antecâmara do manicómio.
NOTA: Esta e outras crónicas do autor estão também no seu blogue Traço Grosso.

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