26.11.08

Resíduos tóxicos do cavaquismo

Por Alfredo Barroso
O CAVAQUISMO EXISTIU, durante dez anos (1985-1995), e alguns dos seus resíduos mais tóxicos ainda hoje infectam a paisagem política portuguesa. Para quem já se esquecera dos escândalos que então rebentavam semanalmente nas primeiras páginas dos jornais, aí estão mais alguns exemplos edificantes que ajudam a refrescar a memória.
Sempre pensei que o cavaquismo era assim uma espécie de salazarismo democrático, em que o seu mentor era um poço de virtudes morais, o seu aparelho político um saco de gatos e boa parte dos seus apoiantes mais firmes e mais ilustres uma cambada de oportunistas e arrivistas em busca de sucesso material rápido e a qualquer preço.
A rigidez autoritária do poço de virtudes morais sufocou o espírito crítico e deu asas ao negocismo infrene como emblema de progresso, afinal efémero e ilusório. A verdade é que o «monstro» nasceu e começou a alimentar-se no seio do cavaquismo e que a «má moeda» prosperou no interior das suas hostes. A memória do povo é que é curta.
Os resíduos tóxicos do cavaquismo perduram. E contaminam todo o «bloco central». Os interesses sobrepuseram-se às ideias e aos programas abrindo a via ao pragmatismo sem princípios e à política sem alma. Nos dois pólos do «bloco central», Belém e São Bento, vicejam os eucaliptos que criam o deserto à sua volta. Por isso não espanta que Manuel Dias Loureiro e Jorge Coelho sejam uma espécie de expoentes do sucesso da coisa.
NOTA: Esta e outras crónicas do autor estão também no seu blogue Traço Grosso.
Actualização (CMR): esta crónica suscitou diversos comentários em blogues, a que o autor responde [aqui]

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6 Comments:

Blogger ferreira said...

As coisas que a gente aprende a ler blogs!
Até agora, pelo conjunto dos seus actos, estava convencido de que Cavaco, contra as expectativas, tinha sido domesticado pelo Socratismo, sendo dele uma extensão, com apenas tiques de independência.
Estou agora a concluir que não!
Pela fúria dos ataques, vejo que será até o último reduto a abater!

26 de novembro de 2008 às 14:17  
Blogger Segismundo said...

Caro A.Barroso,porque será que V.Exa continua a verter ácido sobre o PSD e nomeadamente Cavaco Silva,sem contudo discernir as fraquezas Pêéssicas?
Nunca na vida saíu da sua caneta uma análise aos desmandos e foram muitos do Sr Mário Soares.
Se pretende ser levado a sério,caro amigo,seja verdadeiro...e imparcial.
Quando não,acabamos convencidos de que é apenas mais uma caneta de aluguer!
Para não irmos para a tese da urdidura,cabala,etc.
Cumprimentos.

26 de novembro de 2008 às 14:51  
Blogger Florêncio Cardoso said...

Por sinal, e como sabe quem costuma vir a este blogue, Alfredo Barroso farta-se de atacar um certo PS: Sócrates, Jorge Coelho, Vitalino Canas, Maria de Lurdes Rodrigues, Manuel Pinho, Mário Lino, Correia de Campos...
Basta clicar nas iniciais "AB", em rodapé (ou entrar no seu blogue), para ter acesso a esses textos e confirmar o que digo.

Mas mesmo que assim não fosse:
Então são as pessoas do PS que têm de atacar o PS?
Isso não é tarefa para os adversários?
Os contribuintes não pagam o ordenado aos da Oposição para se "oporem"?

Parece, como já aqui foi dito, o general incompetente que apela aos inimigos para se suicidarem!
Ou que quer que os seus soldados disparem também contra as suas fileiras... a bem da imparcialidade!

26 de novembro de 2008 às 15:26  
Blogger Nuno Castelo-Branco said...

Sinceramente, escreva lá, sem começar a rir, que o PS é absolutamente impoluto nisto tudo e que:
1. Jamais recebeu - ou os seus dirigentes - subvenções dos "interesses económicos".
2- Jamais procedeu a políticas lesivas do verdadeiro interesse do Estado, desde o despesismo infrene, até ao "contratismo" megalómano que escutamos todos os dias na RTP
3- Que nada tem a ver com o sector financeiro - de onde vem o dinheiro, aos milhões, para as campanhas - e que o seu poder local não pactua com esquemas de contornos bastantes turvos, como estas "estorietas" a propósito do porto de Lisboa, frentes ribeirinhas, etc.
4. Que Cavaco é um real adversário no lugarzinho - de sarjeta, diga-se - de Belém?
e podia continuar por aí, indefinidamente, mesmo tendo a certeza de que a espinha dorsal do regime são exactamente o PS e o PSD. Queiram ou não queiram. Tenham juízo ou em 2010 não haverão "comemorações do regabofe" para ninguém!

26 de novembro de 2008 às 17:51  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Esta crónica é referida em vários blogues, nos quais está a receber comentários.
Destaca-se, entre todos, «O Portugal dos Pequeninos» - ver [aqui]

26 de novembro de 2008 às 21:42  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

No que toca aos comentários que, em vários blogues, concretamente o referem, Alfredo Barroso responde hoje em post próprio [aqui]

27 de novembro de 2008 às 08:56  

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