16.12.08

“A Geração dos 600 euros”

Por Joaquim Letria
A “GERAÇÃO DOS 600 EUROS” está a vir para a rua e motivos e razão não faltam. Os protestos de Atenas e de Salónika já alastraram a Paris, Moscovo, Madrid, Barcelona e Frankfurt.
Estudantes, jovens sem empregos ou a trabalharem em total precariedade, auto-denominam-se “a geração dos 600 euros”, que é a média dos salários que conseguem vencer na Europa. Os manifestantes, muito jovens, recusam-se a ser manipulados pelos políticos que usam a “geração J” como capatazes. “A Geração J” reúne os trintões saídos das juventudes partidárias, muitos deles empregues por compadrio político e não por mérito.
A internacionalização destes protestos tem como causa primeira a solidariedade para com os jovens gregos que protestam contra o assassinato a sangue frio dum jovem de 15 anos, morto a tiro por um polícia entretanto detido. Mas a crise financeira e o desemprego podem criar uma verdadeira intifada destes jovens europeus.
«24 Horas» de 16 de Dezembro de 2008

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1 Comments:

Blogger Jorge Oliveira said...

A observação acerca das juventudes partidárias é muito oportuna. Por motivos que se compreendem, esta questão é raríssimamente abordada pela nossa classe política, mas é das questões mais importantes a resolver se queremos dignificar a vivência partidária e melhorar a qualidade dos nossos agentes políticos.

A idade de um militante não pode constituir um critério de organização estrutural. Se o fosse, teria de haver estruturas do partido para a meia-idade e para a velhice, o que não faz qualquer sentido.

Os militantes mais jovens, como quaisquer outros, deveriam integrar-se na secção residencial do partido e na secção laboral a que dedicam a sua actividade, seja empresa, ou universidade.

As juventudes partidárias não são mais do que viveiros de oportunismos. A maioria dos jovens que pululam nas juventudes partidárias apenas pretende passar directamente da escola para um emprego fácil e melhor remunerado, mediante nomeação partidária para um qualquer cargo político.

Seria fácil travar este tipo de veleidades e oportunismos se fosse instituída uma regra que impedisse o desempenho de um cargo de nomeação política sem uma idade mínima de 25 anos e um número mínimo de anos de actividade profissional.

Lembro-me de que, para fazer o MBA, me foi exigido um mínimo de 28 anos e dois anos de actividade profissional. Por que razão não se estabelece também um mínimo razoável, digamos três a cinco anos, de experiência profissional para se poder exercer uma actividade como a política, que afecta os interesses, liberdades e garantias da população?

Como é que um jovem sem experiência prática da vida está em condições de preencher um lugar de deputado no Parlamento, onde vai votar disposições legais que implicam com a vida de todos os cidadãos?

No PSD apenas vi este tema ser abordado, de forma lúcida e corajosa, por Mira Amaral e por Pacheco Pereira. Não será por acaso que ambos foram, e continuam a ser, dois dos poucos militantes que dignificam o PSD.

O primeiro, numa sessão interna do Gabinete de Estudos, talvez a razão pela qual não chegou a ter problemas com os jotas.

O segundo, enquanto líder da Distrital de Lisboa, tentou pôr ordem na anarquia e no despesismo dos jotinhas, que gastavam mais em chamadas da rede fixa para telemóveis do que todo o orçamento da Distrital. O resultado foi um ódio de estimação que eles lhe dedicaram, a ponto de ser apupado por uma tropa ululante nas sessões públicas em que participava. E penso que, em muitos dos ataques de que ainda hoje é alvo, Pacheco Pereira está a sofrer as consequências da coragem que então demonstrou.

16 de dezembro de 2008 às 10:02  

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