12.1.09

O cheque de Sócrates

Por Joaquim Letria
NO MEU CENTRO DE SAÚDE todos se mostravam indignados com os 2500 euros do cheque destinado ao guarda-fatos do engenheiro. “Seis vezes o que ganho por mês”, berrava uma mãe de três ensurdecedoras crianças ranhosas, todas com tosse de cão.
No restaurante onde almoço quando vou a Lisboa caíram-me em cima diversos profissionais liberais indignados pela publicidade do cheque emitido pelo estabelecimento anunciado.
Não concordo com uns nem com os outros.
O que me impressionou foi darem roupa ao engenheiro. Parecem as cuecas, as meias e os pijamas das minhas tias-avós, quando eu era miúdo. Então nenhum foi comprar algo personalizado e de bom gosto?! Sei que ministro não tem tempo, mas as mulheres, as secretárias, as amantes estavam todas ocupadas?! Não era muito mais bonito um livro, uma colecção de DVD, um CD?!
Claro que era preciso ouvir e ler, mas c’os diabos, não tinham assim este estilo de “para quem é, bacalhau basta”.
«24 Horas» de 12 de Janeiro de 2009

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