Um dia para gente afável
Por Nuno Brederode Santos
ESCREVO NUM HOJE que será o ontem dos incautos que me lerem. Um hoje negregado pelo que já trouxe e inquietante por aquilo que trará. Não sei se ao mundo, ao país, à cidade ou à minha rua. Basta-me saber que a mim.
Subi à vertical com a luz do sol. Também ela vinha em amarelo, mas esmaecido pelas pequenas hesitações do dealbar. Entreguei-me às abluções da doutrina e foi tudo quanto fiz para aguçar as capacidades mentais que já vão rombas. Nem o café redentor tomara ainda, quando saí para pôr marcos mentais no latifúndio lisboeta que guardo nas traseiras (os tais imponentes sessenta e sete metros quadrados que mais tonificam estes meus pulmões cansados do que qualquer catálogo turístico sobre a Amazónia). Mas poucos segundos de exposição ao libérrimo esplendor da natureza bastaram para reparar que vinha luz a mais do topo sudeste e logo compreender que me tinham arrancado e surripiado as glicínias (uns seres encantadores de pacífica modéstia que ali faziam uma pequena zona de sombra, no azul-lilás que o olhar aguado de Herr Fritzl acaba de tornar mal afamado). (...)
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