22.4.09

Prejuízo

Por João Paulo Guerra
Os portugueses estão a dar um imenso prejuízo a Portugal.
PAGAM MENOS IMPOSTOS porque a matéria colectável entrou em queda muito antes da crise, fazem menos compras, do que resulta menos IVA para o Estado, e ao mesmo tempo estão a consumir muito mais prestações sociais, em particular subsídios de desemprego. Por este andar, os portugueses tornam Portugal insustentável. Ou, dito de outro modo: a sustentabilidade do país, por este andar, exigirá que Portugal descarte os portugueses.
Já houve quem dissesse que o grande problema de Portugal é ter portugueses a mais. Na altura, o autor da barbaridade foi mais ou menos dado por imbecil. Mas o mundo pula e avança, ou recua, e talvez haja agora mais quem pense do mesmo modo, embora ainda não considere oportuno dizê-lo em voz alta. A questão é que, feitas as contas, os portugueses têm saído caríssimos a Portugal. É certo que o Estado lhes vai aos salários mas tão escassa é a massa salarial que o tributo não dá para tudo. E é assim que a saúde dá prejuízo, apesar de sobretaxada, tal como a educação, apesar das propinas, a segurança, a justiça, as obras e os serviços públicos. Tudo isto é agravado porque o mundo está em crise.
E Portugal está em crise há muito mais tempo que o mundo. Tirando meia dúzia de anos em que houve ouro de Bruxelas para dar uma ilusão de prosperidade, Portugal viveu a crise pós-revolucionária, com fome e salários em atraso, mais a crise orçamental, com sucessivos apertos de cinto à medida dos furos do défice, e agora a crise propriamente dita. Tudo somado, os portugueses são um atraso de vida para Portugal e vice-versa.
Noutros tempos houve o recurso à emigração. Agora, ao que dizem, só resta esperar por D. Sebastião. Quer venha ou não.
«DE» de 22 de Abril de 2009

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