24.5.09

Contra um jornalismo repugnante

Por Alfredo Barroso
A ENTREVISTA de Manuela Moura Guedes a Marinho Pinto, na TVI, terá sido «empolgante», mas o jornalismo «tablóide» que ela pratica, sem vergonha, é repugnante. Hesito mesmo em considerá-lo jornalismo.
Por muito imprudente e excessivo que seja o actual Bastonário da Ordem dos Advogados – prejudicando, por vezes, a justeza das suas afirmações e a bondade dos seus propósitos – a verdade é que ele deu provas de uma extraordinária coragem, ao denunciar em directo, cara a cara e sem papas na língua, o verdadeiro escândalo que são as sessões de propaganda política, desonesta e canalha, levadas a cabo, às sextas-feiras, pela mulher do Director-Geral da TVI, Manuela Moura Guedes, que não faz outra coisa que não seja desonrar a profissão.
Além de indigno, o espectáculo que esta senhora proporciona semanalmente é aflitivo, patético e inestético. E descredibiliza as próprias reportagens que o sustentam. É verdade que já uma vez o Miguel Sousa Tavares a tinha criticado e recriminado em directo. Mas ninguém, até agora, tinha sido capaz de a pôr na ordem, por indecente e má figura.
Esta lamentável e ridícula senhora não se respeita nem se dá ao respeito. Há muito que devia ter sido chamada à pedra, por violação continuada das mais elementares regras deontológicas da profissão. O problema é que quase todos os jornalistas têm medo e já poucos se prezam, numa profissão cada vez mais condicionada pelo poder económico que a domina e controla. A liberdade de informação é uma treta quando pessoas como Manuela Moura Guedes sentem as costas quentes para fazerem o que ela faz, abusando escandalosamente do poder e do púlpito que lhe concedem num canal de televisão privado.
O rei vai nu (ou, se preferirem, a rainha). Mas se, depois desta corajosa denúncia, tudo continuar na mesma, então é de recear que o pluralismo e a liberdade de informação estejam em perigo.
NOTA (CMR): esta e outras crónicas do mesmo autor estão também afixadas no seu blogue Traço Grosso.

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20 Comments:

Blogger José Fernando Magalhães said...

Meu caro,

Sobre este assunto, escrevi assim.

http://atributos-1.blogspot.com/2009/05/tvi-mmg-bastonario-o.html

Melhores cumprimentos

José Magalhães

24 de maio de 2009 às 14:24  
Blogger Unknown said...

Desde quando é que um individuo descontrolado, enraivecido, agressivo e quase aos berros, ainda por cima frente a uma mulher, revela coragem? Isto é coragem? Que valore são estes?
Quem estes valores afirma, só dá razão a quem fala de "crise de valores"...
E como MP já nem se comporta de forma "medieval" (e já estamos no séc. XXI), com os valores de "cavaleiro" que deveria assumir, consequência das funções que desempenha, do cargo relevante que ocupa, só posso vê-lo de cacete não mão aos urros, frente uma qualquer caverna pré-histórica...Correu-lhe mal a "caça"?...Coitada da mulher…

24 de maio de 2009 às 16:22  
Blogger Unknown said...

Meu caro Alfredo

Estou 367,8% de acordo. O «empolgante» que empreguei deveu-se ao que considerei e considero e considerarei os coisos do Marinho Pinto, que demonstrou tê-los no sítio.

Alguém, por mais Bastonário que fosse, da Ordem que também fosse, se ficava perante a alarvidade da dita jornalista ao chamar-lhe «bufo»?

A má-educação militante e baixa paga-se, cedo ou tarde. Na sexta-feira, MMG limitou-se a levar a coça a que tinha (e tem) direito. Só.

Um abração

Noutro registo:

Quem será este José sem perfil (é o blogspot que o diz...)? Como não se identifica - não deve existir. Nem virtual é. Plana no meio do nada. Paira no vazio. Acorde, homem - e não se esqueça de tomar as gotas. Quanto ao que pensa que escreve - no comments...

24 de maio de 2009 às 18:36  
Anonymous Anónimo said...

A corja está a rejubilar porque um caceteiro conseguiu berrar a uma mulher que serenamente fazia o seu papel de questionar, denunciando...
Só mesmo os velhos é que acham que ter tomates é gritar a mulheres que reagem com um sorriso e com classe!
Aposto que estes cobardes, em casa, não acabam uma frase...
Façam a ablação dos testículos, que não precisam deles!

24 de maio de 2009 às 19:24  
Blogger Unknown said...

_Quem és tu assim tão simples?
_E tu quem és, afinal?
_A nobreza da cidade!
_A aldeia de Portugal!...

Calma! E boa educação! Se não for pelo juízo, bom-senso, classe e "perfil" que, apesar dos anos, ainda não alcançaram, que seja, ao menos, pela idade que já têm e pelos cabelos brancos que ainda mantêm...

24 de maio de 2009 às 21:32  
Blogger Maria said...

Henrique:
Alfredo Barroso tem razão, tu tens razão. Não vi o programa, porque me nego a ver as tristes figuras da MMG. A mulher irrita-me, mas estou a par do que se passou.
Desta vez Marinho Pinto, teve carradas de razão. Sou totalmente insuspeita, pois já lhe escrevi uma carta publicada na Visão, onde o criticava forte e feio.
Parabéns Alfredo Barroso
Um abraço Henrique.

24 de maio de 2009 às 22:37  
Blogger Maria said...

José? e Maria?
Eu faço parte da corja. Rejubilei, ao ver alguém, homem ou mulher, pouco importa, pôr no devido lugar a "senhora" em questão.
Quem é que ainda suporta aquela forma arrogante e agressiva de fazer perguntas?
Coitado (salvo seja) do marido, que tem que a aturar todos os dias. Deve ser masoquista para suportar aquela "Cruella Deville" dos pobrezinhos. Gostos não se discutem.

24 de maio de 2009 às 22:46  
Blogger Paulo Lopes said...

Meu Caro Alfredo Burroso,
Leia aqui um ponto de vista, não Socialista sobre o assunto.

"O herói da bicharada. (foto de MP)
É feito à imagem e semelhança dos seus apoiantes esta nova glória da situação. O seu último serviço prestado foi claro, do alto da sua grande autoridade, dizer que o jornalismo da TVI insultava os verdadeiros jornalistas. Tudo isso, depois de ter dito que o caso Freeport não existia, dado que tinha começado numa denúncia anónima - como se grande parte dos casos investigados não fossem assim; depois de se pronunciar sobre um caso em julgamento, como se a deontologia, a cortesia e o simples bom senso não o devessem impedir de se pronunciar sobre o trabalho de colegas de profissão; depois de acusar advogados de corrupção, sem concretizar nada; depois de pretender mudar as regras na Ordem, para liquidar aqueles que estão contra ele. Depois de tudo isso, Marinho Pinto incomodou-se que o confrontassem e resolveu partir para o insulto, deixando governo e amigos à beira do orgasmo mariano. Para quando uma comenda à criatura? Pelo menos uma ordem agrícola de segunda classe!

Sejamos claros, o que incomoda muita gente no noticiário da TVI, não é o estilo da apresentação, mas o conteúdo das investigações. Era tudo tão simpático quando uma notícia podia acabar com um simples telefonema. Os novos apoiantes de Marinho Pinto estariam dispostos a elogiar o Le Pen se isso lhes garantisse que o jornalismo de investigação em Portugal fosse totalmente amestrado.
PS- Para os poucos que não sabem, eu sou jornalista da TVI."

daqui: http://5dias.net/2009/05/24/o-heroi-da-bicharada/
Cumprimentos,
PL

24 de maio de 2009 às 23:40  
Blogger Sepúlveda said...

MP seria realmente corajoso se desse nomes relacionados com os casos de ilícitos e crimes que apontou há dias.
Ou talvez fosse estúpido por denunciar forças grandes demais para o poder dele.
Agora, contra a MMG, explodir assim, não sei que propósito servirá. Podia só tê-la posto no seu lugar em vez de ajudar a publicitar o jornal de 6f da TVI.

25 de maio de 2009 às 00:08  
Blogger António Viriato said...

Tenho sob as maiores suspeitas esta ira socialista contra as Manuelas da Oposição.

Não denunciassem elas as sucessivas trapalhadas «socráticas» e nem uma pequena crítica se lhes ouviria.

Quanto aos estilos presentes na entrevista, estiveram um para o outro.

Talvez um empate seja o veredicto mais ajustado para o referido combate ou, conceda-se, com eventual ligeira vantagem para Marinho, com vitória esforçada, arrastada, sacada aos pontos e declarada no último assalto, no derradeiro instante, antes do batuque final.

Para os adeptos socráticos sobra, no entanto, um pequeno problema : é que, em regime pluralista, «há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não».

Podem perguntar ao seu Camarada Manuel Alegre. Ele certamente lhes explicará o sentido da citação.

25 de maio de 2009 às 00:34  
Blogger ferreira said...

"Contra um jornalismo repugnante"
???

Repugnante é a sua (sua do Alfredo Barroso, o sobrinho) sabujice!

25 de maio de 2009 às 00:53  
Blogger Sepúlveda said...

E há que ser contra um modo actual também repugnante de se fazer política.

25 de maio de 2009 às 07:29  
Blogger Florêncio Cardoso said...

Preste-se bem atenção ao início da entrevista, e ver-se-á aí a explicação para muito do que é dito sobre o assunto:

Marinho Pinto continua a argumentar que o caso Freeport nasceu, há 4 anos, de uma denúncia ilegal. A partir daí (o que até pode ser verdade) mais nada lhe interessa.
Tudo o que se sabe e sucedeu entretanto, é como se não existisse, muito menos o mistério de a investigação ter estado parada durante 4 anos (por quem?).

É também muito interessante ouvir o que ele diz sobre Lopes da Mota.

Assim, há que ponderar até que ponto é que o actual entusiasmo por ele está relacionado com isso, ou com o facto de, supostamente, "ter metido na ordem a MMG".

Talvez um misto das duas coisas.
Eu também não tenho pachorra para o estilo "pernóstico" da D. Manuela, que é de um auto-convencimento insuportável.
Mas faço um esforço para separar a forma do conteúdo.

«É essa harmonia
Entre forma e fundo
Que eu desejaria
Ver florir no mundo»

(é do Gedeão, não é?)

25 de maio de 2009 às 11:43  
Blogger ferreira said...

O maior desejo de quem gostaria de esconder os Freeports, as Covas da Beira, etc, seria proibir absolutamente que se falasse nesses casos.
Como isso não é (ainda) possível, atacam quem fala deles.

Absolutamente repugnante!!!

25 de maio de 2009 às 13:29  
Blogger Maria said...

Senhor António Viriato:
Repare que Manuel Alegre diz: "«há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não».
Não diz agride nem grita, que é o que a MMG faz,

25 de maio de 2009 às 13:38  
Blogger Jack said...

Pensava que a brigada do reumático tinha acabado com o 25A. Afinal não acabou, travestiu-se, como diz o Sócrates, a prova disso está no autor deste post. Alfredo Barroso é a prova disso, ainda não há muito tempo que estava mais lúcido. Será que o Socretino arranjou-lhe algum tacho? Ou agora travestiu-se de facho?

25 de maio de 2009 às 22:15  
Blogger Alfredo Barroso said...

A violência estúpida dos fanáticos (por enquanto só verbal) está bem patente nas aves de mau agoiro que ostentam as suas asas negras. São incapazes de distinguir entre espíritos independentes,livres de «tachos» e de compromissos partidários, e mentecaptos facciosos que smpre concebem um mundo a preto e branco, no qual «quem não é por nós, é contra nós». Cheiram a bafio salazarento. Pfff...

26 de maio de 2009 às 09:05  
Blogger Táxi Pluvioso said...

A mulher mais linda de Portugal.

26 de maio de 2009 às 14:02  
Blogger Jack said...

Espírito independente sou eu, que não preciso de usar a pena em defesa dos que melhores garantias me dão. Violência estúpida é aquela que está bem expressa no texto, que louva o «troglodita» que em má hora foi eleito Bastonário. Violência inconcebível, são as políticas governamentais, apoiadas por uma brigada de pides e por um regimento de legionários que a troco de uns míseros cobres lhe dão cobertura. E mais não digo, pelo respeito a um passado recente. Alguém dizia doutamente, «sós os burros é que não mudam». Se para não ser burro, é preciso mudar, implicando essa mudança o apoio a este «arruaceiro» e ao Pinto de Sousa, então sinto-me feliz em ser «burro».

26 de maio de 2009 às 15:08  
Blogger Jack said...

Essa do «bafio salazarento», prefiro não lhe responder, porque se calhar a resposta ia doer (e não me venha com a violência física, que já não pega).

26 de maio de 2009 às 15:17  

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