Como Avaliar os Professores?
Por Maria Filomena Mónica
ANTEONTEM [Fev. 2008], a Ministra da Educação declarou no Parlamento que na Universidade de Harvard os alunos avaliam os professores, dando a entender ser esta uma boa prática. Além de perigosa, a afirmação é parola. Nem tudo o que se pratica naquela universidade, certamente uma das melhores do mundo, é positivo, porque o ensino dos EUA está infectado pelo «politicamente correcto».
Se há alguém no mundo que não pode nem deve avaliar os professores são os alunos: nem os das universidades, nem, muito menos, os do ensino básico ou secundário. Porque tal prática destrói o cerne da relação pedagógica, a qual se baseia no facto de o docente saber mais do que o estudante e de, por isso, ter obrigação de, no final, lhe dar uma nota. Tudo o resto são cedências às ideologias que dominam as Ciências da Educação. Há ainda um pormenor não despiciendo: Harvard é uma universidade privada e o que lá se passa apenas diz respeito ao seu conselho escolar. Ora, o que está em discussão em Portugal é um plano a ser aplicado no ensino público, ou seja, nas escolas pagas com o nosso dinheiro. (...)
Texto integral [aqui]
ANTEONTEM [Fev. 2008], a Ministra da Educação declarou no Parlamento que na Universidade de Harvard os alunos avaliam os professores, dando a entender ser esta uma boa prática. Além de perigosa, a afirmação é parola. Nem tudo o que se pratica naquela universidade, certamente uma das melhores do mundo, é positivo, porque o ensino dos EUA está infectado pelo «politicamente correcto».
Se há alguém no mundo que não pode nem deve avaliar os professores são os alunos: nem os das universidades, nem, muito menos, os do ensino básico ou secundário. Porque tal prática destrói o cerne da relação pedagógica, a qual se baseia no facto de o docente saber mais do que o estudante e de, por isso, ter obrigação de, no final, lhe dar uma nota. Tudo o resto são cedências às ideologias que dominam as Ciências da Educação. Há ainda um pormenor não despiciendo: Harvard é uma universidade privada e o que lá se passa apenas diz respeito ao seu conselho escolar. Ora, o que está em discussão em Portugal é um plano a ser aplicado no ensino público, ou seja, nas escolas pagas com o nosso dinheiro. (...)
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6 Comments:
Penso que a melhor maneira de testar essa teoria da minedu é voltar a dar umas aulitas e pedir aos alunos que a avaliem. Adorava ver a cara dela a observar os resultados obtidos.
Inteiramente de acordo. Essa ideia peregrina de colocar os alunos a avaliar os professores encaixa bem no espírito do "nacional-porreirismo". Quanto mais porreiro (baldas), fosse o professor, melhor nota haveria de ter.
E alguém informou mal a sra. ministra ou não lhe disse tudo ou não se dignou a aprofundar a informação. É que a avaliação feita por alunos em universidades americanas é "assessment" não "evaluation" e raramente tem consequências a nível profissional(como é óbvio). Servem essencialmente para se ter uma opinião de retorno sobre a prática de um professor, não serve para o corrigir, avaliar ou condenar por outra pessoa. Serve para que este reflicta sobre uma parte do processo de aprendizagem. E um dos princípios básicos é obviamente não ter isto em conta como o mais importante critério. Mesmo em universidades privadas, com alunos adultos pensantes.
Em Portugal,os alunos do ensino superior costumam preencher, no final de cada semestre, uma ficha de avaliação do desempenho de cada um dos seus professores.
E eu, como professora do ensino não superior público, costumo pedir aos meus alunos o favor de preencherem uma ficha de avaliação sobre o meu trabalho, trabalho esse que tanto pode ser uma unidade didáctica como uma visita de estudo ou outra actividade curricular qualquer. Tudo normal.
Por isto, considero que Filomena Mónica, para se pronunciar sobre avaliação dos professores,necessita de mais informação e conhecimento sobre a matéria.
Este assunto presta-se a alguns mal-entendidos.
Não acredito que, em parte alguma do mundo, a avaliação dos professores seja feita pelos alunos.
Mas já acredito que a sua opinião seja OUVIDA e tida em conta, nem que seja a título meramente informativo.
Eu lembro-me perfeitamente que, a partir dos 15-16 anos nós, no liceu, tínhamos bem a noção de quem eram os bons e os maus professores.
E não entendíamos como "bons" os "porreirinhos" - muitas vezes, bem antes pelo contrário!
E, com maioria de razão, na universidade.
Mas iria o mundo se um estudante com 20 ou 21 anos não tivesse uma opinião válida acerca da qualidade do ensino que estava a receber!
Já agora, um facto verídico que talvez sirva como analogia:
Há uns anos, na empresa onde eu trabalhei, os métodos de avaliação de desempenho passaram a ser de 360º (como lhes chamavam).
Enquanto, até aí, só os chefes é que avaliavam os subordinados, passou a haver avaliações de "pares" e até - oh, heresia! - de baixo para cima.
E sem qualquer problema, pois as opiniões, de um modo geral, até coincidiram. Tudo se resume à ponderação que se dá a essa classificação.
Para mim é importante ver o meu trabalho ser avaliado pelos meus alunos, uma vez que esta me permite ajustar estratégias, sempre com o objectivo de poder melhorar a minha prática pedagógica junto daqueles alunos em concreto.
Mas, neste momento, quem me avalia (para todos os efeitos) é a minha coordenadora de departamento e o director da escola a que pertenço.
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