25.6.09

Ao Tio Zé (José Afonso Brardo)

Por C. Barroco Esperança

A VIDA É ISTO, esta passagem breve de Eros a Tanatos, a viagem de uma aldeia da Beira Alta, onde poucos sobreviviam às maleitas e à água inquinada das fontes que secavam no Verão, para acabar em Lisboa, cheio de anos e de saudades, a ver todas as manhãs a estátua de santo António que o tempo se encarregou de tornar menos feia.

Eu já esperava que o octogenário se finasse antes de nova visita. Vi como as forças lhe faltavam naquela cadeira onde, há um mês, ainda cultivava sonhos e afectos e desfiava memórias. Era uma cabeça a quem o corpo já desobedecia, com olhos muito abertos para levar consigo a imagem do primeiro sobrinho que agora perdeu o último tio. Que raio de vida. Que injustiça. Não mais vaguearemos pela Avenida de Roma nem iremos tomar café à Suprema. (...)

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