14.6.09

Garcia e os CTT

O EXTRAVIO de correspondência é sempre muito desagradável, por razões que não é preciso referir; e a foto destas caixas de correio está aqui devido a um caso passado com uma delas, que testemunhei, e que mostra um dos muitos motivos por que isso pode suceder.
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Durante muito tempo, estas duas caixas estiveram assim, "seladas" - para substituição, talvez, das fechaduras.
Ora, há umas três semanas, quando eu ia a passar por perto, reparei, com estranheza, que uma senhora se preparava para lá meter um envelope! Como é que o iria fazer?!
Aproximei-me, e vi então que uma parte da fita tinha sido arrancada, deixando aberta – precisamente - a fenda para a colocação da correspondência.
Ainda fui a tempo de a avisar, e, enquanto pensava em ir buscar fita adesiva para remediar o problema, deu-se a coincidência de ir a passar um funcionário dos CTT, a caminho de uma carrinha da empresa, estacionada ali perto.
Abordei-o, chamei-lhe a atenção para o que ali se passava, e começou por me dizer... que "o assunto não era com ele"…
Mas eu não aceitei a resposta e insisti.
Resultado: veio comigo, abriu a portinhola (mesmo sem chave, pois a fechadura estava vandalizada) e deparámos, lá dentro, com uma mão-cheia de envelopes de correio-azul!
Apesar de "não ser com ele" (o que, saliente-se, não voltou a referir...), foi, então, à carrinha buscar mais fita adesiva e voltou a "selar" a caixa. Ah!, e levou as cartas...
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Desafio: alguém quer explicar a relação que se pode encontrar entre o que atrás se conta e a famosa expressão «Levar a carta a Garcia»?

7 Comments:

Blogger Mg said...

Levar a carta a Garcia significa cumprir uma missão de dificuldade elevada.

Garcia era um guerrilheiro cubano que tinha (já não me recordo dos quandos nem dos porquês) de ser contactado.

A missão era complicada, na medida em que encontrar Garcia não era tarefa nada fácil.

Ao cabo de uns dias, a pessoa incumbida da tarefa lá encontrou Garcia e pode, finalmente, entregar-lhe uma carta que tinha para ele.


Por cá, quando as coisas "não são connosco" (e não o são bastantes vezes), é natural que Garcia seja bastante recordado. Não é fácil... Nada fácil! :)

14 de junho de 2009 às 11:18  
Blogger dana_treller said...

Dizem que o mensageiro percorreu montes e vales com a mensagem dentro de um saco impermeável, apenas para a entregar ao devido destinatário - Garcia. Ora, em tudo esta história se assemelha à missão dos CTT em Portugal - cumprir a sua missão, sempre!

Tal como o seu logotipo sugere, eles são mensageiros velozes que, montados no seu cavalo, voam até cumprir a sua missão (com uma corneta a anunciar a sua chegada e tudo)!
Pois... Isto há-de ter sido assim em tempos... Porque hoje em dia... Para além da história (no mínimo bizarra) exposta aqui no blog, muitas outras por aí se contam. Simples revistas assinadas não são entregues por serem demasiado volumosas (quando isso não constituiu problema por anos a fio, na mesma caixa de correio); correio não entregue por a pessoa não estar em casa (o que é chato quando a dita pessoa se dirige aos CTT e verifica que por acaso até estava), entre outras situações...

Então, o que se conclui? Que o defeito é dos cavalos! Enquanto não eram a motor a coisa funcionava muito bem!

14 de junho de 2009 às 11:24  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Estou quase de saída, mas ainda deu tempo para completar um pouco o texto com um pormenor de que me tinha esquecido.

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O «Jacarandá» já está actualizado com o «Retrato da Semana», de A. Barreto, que aqui aparecerá apenas às 14h

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Até logo!

14 de junho de 2009 às 12:11  
Blogger Táxi Pluvioso said...

Espero que ele tenha deitado as cartas no caixote de lixo mais próximo para ser ecológico. Aquilo não era nada com ele. Deve ter levado as cartas só para não se chatear.

14 de junho de 2009 às 17:38  
Blogger A. João Soares said...

Há não muitos anos os CTT gabavam-se de entregar cartas com endereços incompletos e isso poderia ser uma autêntica entrega de carta a Garcia. Hoje, mesmo com o «meio caminho andado» extraviam-se. Já me apareceram na caixa cartas dirigidas a pessoas de outros prédio distantes.
Com funcionários como o referido no post não pode haver eficiência. Um cidadão vulgar (para o caso) interessou-se pela situação, mas ele funcionário começou por espontaneamente se desculpar que não era com ele.
Vale a pena transcrever três casos em que António Barreto receita o EXEMPLO como remédio.

Pela eficácia, pela pontualidade, pelo atendimento público e pela civilidade dos costumes, os portugueses serão mais sensíveis ao exemplo do que à ameaça ou ao desprezo.

Pela liberdade e pelo respeito devido aos outros, os portugueses aprenderão mais com o exemplo do que com declarações solenes.

Contra a decadência moral e cívica, os portugueses terão mais a ganhar com o exemplo do que com discursos pomposos.


Abraços
João

14 de junho de 2009 às 21:19  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Acerca da Carta a Garcia, a melhor explicação que conheço pode ser lida [aqui] - ABSOLUTAMENTE A NÃO PERDER!

A minha referência a ela veio por 'associação de ideias' com as cartas, e com a resposta inicial do carteiro de que "não era nada com ele".

14 de junho de 2009 às 21:27  
Blogger Conceição said...

"não é nada comigo" e desligar telefones no call center qd n se sabe está a tornar-se um hábito nacional... então é com quem?!

16 de junho de 2009 às 15:42  

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