19.6.09

Uma grande dívida

Por Joaquim Letria

O NORTE-AMERICANO Richard Zenith,que há mais de 20 anos vive entre nós, deu a conhecer mais um notável trabalho seu, pelo qual Portugal tem a obrigação de lhe demonstrar o seu reconhecimento.

Investigador e tradutor, Zenith tem sido também o promotor e editor de Fernando Pessoa no Mundo e deu-se ao trabalho, durante sete anos, de traduzir uma boa parte da lírica de Camões, que acaba de ser editada para os leitores de língua inglesa, até agora confinados aos Lusíadas.
Neste seu trabalho, apresentado e “autenticado” por Vasco Graça Moura (tradutor de mérito e camonista indiscutível) Richard Zenith apresenta-nos 40 sonetos, uma dúzia de cantigas, odes, sextinas e as maravilhosas redondilhas de “Sóbolos rios que vão”.

Num extenso e rico prefácio desta obra bilingue que merece uma edição portuguesa, resume-se ainda o pouco que se conhece da vida apaixonante de Camões. Zenith compara Camões a Dante pela importância de ambos na formação do vocabulário e na firmeza da sintaxe das respectivas línguas e sublinha a variedade de temas nos sonetos de Camões, dedicados ao desconcerto do Mundo, ao destino, encerrando episódios do passado e do seu próprio exílio, enquanto Shakespeare escreveu sonetos quase só de amor.

Pelo que lhe devemos, Richard Zenith devia ser parte integrante do próximo dia de Camões, na secção de penduricalhos. É o mínimo!

«24 Horas» de 19 de Junho de 2009

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