20.7.09

Nem tudo o que conta...

Por João Lobo Antunes

TODOS OS ANOS, mal chega o Verão, o país fica suspenso dos resultados dos exames do ensino secundário. O governo (qualquer que ele seja) reza pela confirmação do sucesso das suas políticas e a oposição suspira secretamente pelo desastre. Os examinandos, que incluem alunos e professores, embora por razões diferentes, imploram o milagre. Depois, neste país do «Se Deus quiser», lá vem o inevitável balde de água fria, porque nestas coisas o Criador entende que só merece milagres quem trabalha.

Este ano o que sucedeu de realmente novo foram os surpreendentes comentários dos responsáveis do Ministério da Educação aos maus resultados obtidos nos exames de Matemática e Português do 12.º ano, aspergindo culpas pelos jornais, pela Sociedade Portuguesa de Matemática e por «partidos e pessoas com responsabilidades politicas». O argumento foi que teria sido transmitida aos alunos a impressão de que os exames iriam ser fáceis, o que teve como consequência eles relaxarem em diástole, para usar uma imagem cardiológica. Como consequência, Matemática e Português entraram, solidariamente, em recessão. (...)

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