O reino de Deus
Por Joaquim Letria
NO CREPÚSCULO do século XV florentino, houve quem quisesse fazer da cidade um reino de Deus que se antecipasse ao céu. Foi assim que Florença mergulhou na sua crise mais profunda. Tão má e tão grave que Maquiavel exigiu que a utopia nunca mais fosse invocada e o seu amigo Francesco Guicciardini proclamou que a santidade, em política, só constrói o inferno.
Sabemos hoje, graças aos prolixos e fascinantes arquivos dos antigos Estados do Leste da Europa, que muitas revoltas dos anos 70 eram extensões de serviços secretos, naquela apaixonante fase terminal da guerra fria.
Primeira linha naquele duro conflito, a Alemanha conheceu o gosto de alguns delicados jogos, com o grupo de Baader-Meinhof a ser manipulado por verdadeiros artistas das marionetas. A FPLP palestina também mereceria uma ordem manuscrita de Leonidas Brejnev, com data de Abril de 1974. Hoje, sabe-se isto e muito mais, porque quando um império cai, fica-se com documentação exaustiva ao dispor e até os mais obscuros arquivos e secretos “dossiers” podem ser comprados até acabarem desvirtuados e revelados ao mundo.
Assim existiu um mito povoado por máquinas de matar, campos de treino de gente que sonhava com o paraíso e acendia as chamas do inferno, até se imolar pelo fogo. Assim nasceu a ETA, cresceu o IRA, germinaram os Tupamaros, se sorriu no Congo e se alimentaram muitos outros sonhos que alimentaram utopias. Hoje, nada resta. Para o bem e para o mal, Guicciardini tinha razão.
NO CREPÚSCULO do século XV florentino, houve quem quisesse fazer da cidade um reino de Deus que se antecipasse ao céu. Foi assim que Florença mergulhou na sua crise mais profunda. Tão má e tão grave que Maquiavel exigiu que a utopia nunca mais fosse invocada e o seu amigo Francesco Guicciardini proclamou que a santidade, em política, só constrói o inferno.
Sabemos hoje, graças aos prolixos e fascinantes arquivos dos antigos Estados do Leste da Europa, que muitas revoltas dos anos 70 eram extensões de serviços secretos, naquela apaixonante fase terminal da guerra fria.
Primeira linha naquele duro conflito, a Alemanha conheceu o gosto de alguns delicados jogos, com o grupo de Baader-Meinhof a ser manipulado por verdadeiros artistas das marionetas. A FPLP palestina também mereceria uma ordem manuscrita de Leonidas Brejnev, com data de Abril de 1974. Hoje, sabe-se isto e muito mais, porque quando um império cai, fica-se com documentação exaustiva ao dispor e até os mais obscuros arquivos e secretos “dossiers” podem ser comprados até acabarem desvirtuados e revelados ao mundo.
Assim existiu um mito povoado por máquinas de matar, campos de treino de gente que sonhava com o paraíso e acendia as chamas do inferno, até se imolar pelo fogo. Assim nasceu a ETA, cresceu o IRA, germinaram os Tupamaros, se sorriu no Congo e se alimentaram muitos outros sonhos que alimentaram utopias. Hoje, nada resta. Para o bem e para o mal, Guicciardini tinha razão.
«24 horas» de 21 de Julho de 2009
Etiquetas: JL
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