No Reino do Absurdo
HÁ UMA VELHA anedota em que um professor interpela um aluno: «Ora diz-me lá a quem é que se deve o Pinhal de Leiria». E o miúdo responde: «Não me diga que ainda não está pago!»
Aqui, também a pergunta que vem à mente é semelhante: «Então isso ainda não é proibido?!»
Pois não. Lendo a notícia até ao fim, deparamos com a explicação: «O diploma (...) foi aprovado na generalidade em Dezembro de 2005 pelo PSD e PS. Baixou depois à comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, devido a dúvidas sobre a constitucionalidade de algumas das suas disposições, mas não voltou a ser abordado, nem votado».
Tudo bem, portanto.
6 Comments:
"... mas não voltou a ser abordado, nem votado" porque não interessa a algumas pessoas. É esta a verdade nua e crua! Mas o mais curioso é que algumas dessas pessoas se candidatam a nível local e continuam a ganhar as câmaras....
O caso mais escandaloso é o de Fátima Felgueiras.
A sra. já não é apenas acusada.
Ela foi condenada a 3 anos e meio de prisão! Só que, até 5 anos, a pena é suspensa.
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O português-médio acha que os corruptos devem ser presos, excepto 3:
Os da sua terra, os do seu clube e os do seu partido...
Sabendo nós como funciona a justiça em Portugal, isso poderá abrir uma Caixa de Pandora.
Com a aprovação dessa lei, passará a ser muito fácil retirar um adversário politico do "jogo", basta que haja uma acusação. O passado já nos devia ter ensinado que muitas vezes essas acusações escondem interesses que nada têm a ver com a acusação que é feita.
Só com a condenação é que alguém deve ser penalizado, até lá deve ser considerado inocente.
No caso de Fátima Felgueiras, a condenação existiu (3 anos e meio de cadeia). E ela aí está, beneficiando da alteração legislativa que dá o benefício da pena suspensa para condenações até 5 anos (dantes era 3, e ela estaria agora na cadeia).
Além disso, quando se fala em "acusação", não se trata de "alguém acusar alguém", mas sim de "o Ministério Público o fazer".
Quando se chega a essa fase (de haver uma acusação oficial), já muita coisa se fez, em termos de averiguações. Ou seja: há fortes suspeitas de ilícito, que ultrapassam o simples facto de se ser "arguido".
Claro que a lentidão da Justiça permite as prescrições, e a má investigação permite a absolvição por falta de provas.
Mas, até por isso, deviam ser os próprios acusados a afastarem-se temporariamente, para não darem a ideia de que querem beneficiar do cargo (e do voto que contam ter). Mas o certo é que é ISSO MESMO que, em geral, querem fazer - e fazem... quase sempre com êxito.
Ver também os comentários que afixei na crónica seguinte, "Caciquismo", de JPG, onde o tema abordado é o mesmo.
Meu caro,
Sobre isso, escrevi isto
http://atributos-1.blogspot.com/2009/08/ai-se-lei-for-aprovada.html
Melhores cumprimentos
José Magalhães
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