5.9.09

Coisas do Politicamente Correcto

HOJE, O BLASFÉMIAS dá-nos conta de que «A Biblioteca de Brooklyn reconheceu que retirou das suas estantes o livro «Tintim no Congo», banda desenhada da autoria do belga Hergé (1907 -1983), que tinha sido apelidada de racista e que era o último exemplar disponível de acesso livre nas bibliotecas públicas de Nova-York».

Acabei de deixar lá o seguinte comentário:

É claro que na minha biblioteca eu guardo o que quero, e deito fora o que me apetece. Mas numa biblioteca pública já não será bem assim, e numa Biblioteca Nacional não é de certeza (...). Aliás imagine-se que, por absurdo, os livros existentes (ou a banir) numa biblioteca pública dependiam do critério (ou dos caprichos) do director - pessoa que é nomeada superiormente e que, portanto, é substituída de vez em quando. Alguém imagina o que seria uma instituição dessas?

Mais uma vez aqui se recorre a Ítalo Calvino, desta feita recordando um saboroso conto de 1953, intitulado «Um General na Biblioteca»:

Um general invade uma biblioteca com tropas, e põe os subordinados a ler os livros, para saber quais deverão ser banidos por não serem "politicamente correctos". E, como é italiano, começa logo por condenar os que elogiam os cartagineses nas guerras púnicas!

Só que, a pouco e pouco, aqueles militares vão começando a ler, a instruir-se, e chegam à conclusão de que a Humanidade, afinal, não é tão simples quanto pensavam... e acabam por ser fervorosos leitores da biblioteca - embora só depois de passados compulsivamete à vida civil, pois os chefes acima deles continuam a ser as mesmas bestas-quadradas de sempre (como as que, no caso referido neste post, censuraram Hergé...).
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NOTA: O que aqui se mostra é a capa da versão final, pois Hergé redesenhou completamente o álbum original.

2 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

O referido conto de Calvino encontra-se publicado em Portugal pela Teorema, numa colectânea intitulada «A Memória do Mundo».

5 de setembro de 2009 às 16:35  
Blogger Táxi Pluvioso said...

Acho que o livro deveria ser redesenhado, desta vez inspirando-se na cara do fofinho presidente Báráque, para os pretos. Desenha-los com aqueles lábios e cabelo não entusiasmaria nem a Ana Gomes.

6 de setembro de 2009 às 07:50  

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