4.9.09

O eléctrico fantasma

Por Joaquim Letria

TODOS NÓS NOS LEMBRAMOS do guterrismo a brincar aos comboios e a guiar carros eléctricos. O melhor símbolo desse tempo festivo é um eléctrico fantasma que percorre vazio, lúgubre, as vias de Almada e do Seixal, como a Camioneta da Morte das noites da Carbonária.

Chamam-lhe metro de superfície, mas não passa dum eléctrico articulado, de vidros escuros, que atropela silencioso e mata sem remorsos, depois de ocupar faixas de rodagem para nada e desalojar estacionamentos para coisa nenhuma.

O balanço mostra grande competitividade: 6 acidentes, com um morto e dois feridos graves recentes. No dia 8 de Julho, um homem foi morto instantaneamente e sua mulher ficou em perigo de vida, recuperando só agora, mas necessitando de tratamento para o qual a família não tem meios. A Junta de Freguesia de Corroios e a Câmara Municipal do Seixal têm valido nesta situação.

A Metro Transportes do Sul já disse o que tem a dizer nestas circunstâncias: “a concessionária deu já cumprimento às suas obrigações de informação, quer legais, quer contratuais”. A família diz que “o acidente podia claramente ter sido evitado”. A PSP do Seixal, impecável como sempre, afirma que “os acidentados não haviam transgredido nenhuma regra porque não existe nenhuma passadeira naquela zona”.

Se vier a Almada, ou ao concelho do Seixal, tenha muito cuidado com um eléctrico lúgubre e silencioso que puseram a andar por aqui, a matar umas pessoas e, eventualmente, a transportar outras tantas.

«24 horas» de 4 de Setembro de 2009

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1 Comments:

Blogger jasl said...

Eu uso o MTS com enormíssima frequência e posso lhe garantir que vazio não anda de certeza. _Nas horas de ponta , vou quase sempre em pé nos trajectos para Cacilhas.
Quanto ao problema que descreveu em pormenor, eu conheço bem o sitio onde ocorreu o sinistro e posso lhe garantir se a paragem dos autocarros fosse transposta para alguns metros à frente ou atrás tudo seria diferente. Mas o problema é sempre o mesmo: para mexer só depois de ocorrer o acidente. Por último, e confrontando a utilização do MTS com outros metros de superficie que eu utilizei noutros países, este é até mais ruidoso. Não será que o portugues está mais habituado à buzina, quando passa numa estrada fora da zona da passadeira? A nossa indisciplina é crassa, faz escola e ninguém se preocupa em modificar o seu próprio comportamento.

4 de setembro de 2009 às 23:24  

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