Os limites da adolescência
Por Joaquim Letria
UMA HOLANDESA de 13 anos que os pais autorizavam a dar a volta ao mundo em navegação solitária foi impedida de o fazer pelo tribunal de menores de Utrecht que pondera retirar a menina da autoridade parental. O caso foi conhecido quando o pai pediu que a menina fosse autorizada a estudar os próximos dois anos pelo ensino à distância, utilizando a Internet.
Um rapazinho de 11 anos foi apanhado depois de atravessar o México para ir procurar a mãe, cujo paradeiro desconhece, nos Estados Unidos. O menino viajava escondido em autocarros e vagões do caminho-de-ferro. Já viajara sozinho três mil quilómetros. Não vê a mãe há mais de ano e meio.
No Algarve, uma menina de 13 anos defende um adulto que conheceu na net, com quem terá mantido relações sexuais, negando ser sua vítima e recusando que ele seja tratado como pedófilo.
Todos estes casos são muito diferentes. Como distintos eram os guerrilheiros de 13 e 14 anos com que nos anos 60 e 70 viajei por África e América Latina ou os meninos da guerra que conheci nos anos 90.Todavia, todos eles levantam questões importantes: os limites da adolescência, a sua protecção por adultos, a convivência de gerações e o direito das crianças perseguirem um sonho seu.
UMA HOLANDESA de 13 anos que os pais autorizavam a dar a volta ao mundo em navegação solitária foi impedida de o fazer pelo tribunal de menores de Utrecht que pondera retirar a menina da autoridade parental. O caso foi conhecido quando o pai pediu que a menina fosse autorizada a estudar os próximos dois anos pelo ensino à distância, utilizando a Internet.
Um rapazinho de 11 anos foi apanhado depois de atravessar o México para ir procurar a mãe, cujo paradeiro desconhece, nos Estados Unidos. O menino viajava escondido em autocarros e vagões do caminho-de-ferro. Já viajara sozinho três mil quilómetros. Não vê a mãe há mais de ano e meio.
No Algarve, uma menina de 13 anos defende um adulto que conheceu na net, com quem terá mantido relações sexuais, negando ser sua vítima e recusando que ele seja tratado como pedófilo.
Todos estes casos são muito diferentes. Como distintos eram os guerrilheiros de 13 e 14 anos com que nos anos 60 e 70 viajei por África e América Latina ou os meninos da guerra que conheci nos anos 90.Todavia, todos eles levantam questões importantes: os limites da adolescência, a sua protecção por adultos, a convivência de gerações e o direito das crianças perseguirem um sonho seu.
«24 horas» de 2 de Setembro de 2009
Actualização (CMR): ver post seguinte.
Etiquetas: JL
6 Comments:
Notícia de hoje (em www.iol.pt):
-
Zangado com os pais, um menino de 9 anos tirou as chaves do carro da carteira da mãe e fugiu, tendo conduzido a mais de 130 km/hora. A criança foi perseguida pela polícia de Greenfield, no estado americano de Indiana, na noite de sábado, de acordo com o que noticia o jornal «Globo» que cita uma reportagem de TV local.
Os polícias receberam uma denúncia de um «motorista provavelmente embriagado». «Ele estava a andar de um lado para o outro como se estivesse bêbado», contou o chefe da polícia, Derek Towle.
Para além de conduzir em excesso de velocidade em vários pontos, a criança conduziu em contra mão.
Para conseguir deter o menino, a polícia usou bloqueios e furou um dos pneus do carro. Quando os polícias se aproximaram do veículo, encontraram a criança no banco de trás.
«O menino estava zangado, acho eu, porque os pais lhe disseram que era hora de parar de brincar na rua e de voltar para casa», contou o chefe da polícia.
Depois de ser detido, a criança foi entregue sob a custódia dos pais.
Tremendo post, este!
É um assunto que dá muito que pensar. Quando vi, há 2 ou 3 dias, a notícia da jovem holandesa fiquei estupefacto com o que vi e ouvi.
Será que a liberdade que os pais dão aos filhos, nos dias que correm, não terão graves consequências no futuro?
Que filhos (e eu tenho um de 7 anos que tento educar o melhor que posso) estamos nós a criar?
Que pais são estes que pensam que uma filha de 13 anos consegue sozinha dar a volta ao mundo num barco minúsculo ou que pensam que podem ter relações sexuais com a filha de 13 anos de outros pais?
Sinceramente, eu já nem sei como comentar estes casos.
Está tudo doido???
Este "post" dá que pensar.
(Tenho vários filhos, os dois mais novos têm 18 e quase 10)
Pensar ainda mais do que pensei quando escrevi isto:
http://atributos-1.blogspot.com/2009/08/isto-da-me-que-pensar.html
Melhores cumprimentos
José Magalhães
Realmente, os casos referidos são diferentes entre si e merecem análise cuidada e individualizada. Porém, devo dizer, como terapeuta, mas também na qualidade de mãe, que as crianças devem ter evidentemente limites, mas os adolescentes também! Por alguma razão, não são considerados adultos ainda...
O caso particular da jovem holandesa também me chocou. Até porque já houve precedentes, com o mais recente caso do jovem da mesma idade que acabou de conseguir efectuar a mesma viagem. Por mais bem preparada tecnicamente para a viagem, que esteja a jovem...os riscos são imensos, e as consequências psicológicas do isolamento e da solidão, imprevisíveis. O facto de ser um sonho da adolescente, e que o pode fazer em teoria, não significa que o deverá ser autorizada a fazer... Uma das primeiras funções dos pais é o dever de protecção. E o dever de ensinar que há idades próprias para cada etapa da vida e dizer que Não ainda. É certo que devemos educar para a independência e para o prosseguimento de sonhos... mas também para a responsabilidade que só a maturidade concede ( ou seja, não a destruír sonhos, mas a adiá-los...).Penso que a protecção de menores ponderou bem neste caso(pelo menos, em analisar mais detalhadamente o caso), pois apesar das prováveis boas intenções dos pais, pode mascarar como muitas vezes acontece, uma demissão do papel dos pais, o que também constitui negligência. Porque os pais têm de parar de pensar que as crianças reinam e mandam e que são uns sobredotados independentes, podendo escolher sempre o que fazem, e tomando decisões familiares como se de adultos se tratassem. E já vai longo o comentário, ficarei por aqui.
Cumprimentos,
13 anos...
12 anos...
11 anos...
Onde começa a adolescência? Onde acaba a infância? E o que têm de tão diferente adolescência e infância que nos permita diferencia-las?
Como poderemos nós julgar o que está certou ou errado, ou o que é ou não apropriado para uma determinada idade?
Ainda sou uma rapariga nova. Não tenho filhos, mas tenho afilhados pequenos e irmãos. Não saberei julgar como um qualquer pai saberá, mas vou fazendo os meus juízos... Aqui deixo alguns para consideração:
- Há um século atrás, qual seria o papel de uma menina de 13 anos, ou de um rapaz da mesma idade? Corrijam-me se estiver enganada... Mas não seria prática corrente, já nesta idade, mandar as meninas casar? E com o casamento assumir um papel e uma responsabilidade que, hoje em dia, muitos adultos têm dificuldade em tolerar?
- Todos fomos miúdos, e todos conhecemos miúdos de idades semelhantes, mas que são profundamente diferentes no que a maturidade e demais capacidades diz respeito... Será legítimo medir tudo pela mesma régua?
- A menina com 13 anos quer ir navegar. Os pais, que criaram, educaram, ensinaram a navegar (e, nesse caso, não me parece que pais que ensinam a filha a navegar se demitam do seu papel), acham que a menina pode ir. O Estado diz que não... E quem será que tem razão? 'O Estado' que mede tudo pela mesma régua? Ou os pais, que viram a menina crescer e que a conhecem melhor do que ninguém?
Não me levem a mal. Também eu fiquei chocada com a notícia, também eu (e porque cresci mais conservadora do que se poderia adivinhar) achei estranho... Como todos os que viram a notícia julguei aqueles pais pensando "eu não deixaria os meus filhos desamparados no meio do mar, perdidos no mundo, por 2 anos!".
Mas depois, repensei a situação, chegando à conclusão de que não há conclusão a tirar.
Há meninos com 10 anos que, no nosso país, fazem parte de gangues que se dedicam ao assalto. Há meninas de 16 que engravidam do padrasto sob alçada da mãe, conhecedora da situação (e não, não se trata de um caso de violação). Há meninos de 11 anos que incendeiam a mata de Loures porque querem testar um truque novo que aprenderam na internet. Há meninos que matam gente ao pontapé e biqueirada (lembram-se do caso do 'travesti' no Porto? eram meninos). E há meninos que compram armas e fazem da própria escola cenário de guerra (viram o 'Elephant'?)...
A única conclusão que tiro é que há casos de negligência paterna bem mais flagrantes do que o representado pela menina que quer ir navegar. Casos que acontecem longe, casos que acontecem à nossa porta... E quantos de nós mantêm os olhos abertos? quantos de nós fazem alguma coisa enquanto é tempo? Contra mim falo.
Vamos condenar os pais!
Vamos ilibar os meninos com a inocência que lhes é devida pela idade!
Rica régua...
Será que os instintos paternais se desvaneceram com a evolução?
Será que a inocência infantil é ilusão de outros tempos?
Será que existe cada vez mais pressa em crescer, fugir ou alcançar a imortalidade?
Será um problema de educação? Ou do ambiente que rodeia as crianças?
Eu acho que a culpa é dos media...
Não por invadirem as "pobres" mentes dos mais novos, mas porque, actualmente, nada de pobre, de mau, de inusitado, passa despercido, sem direito a floreados!
Não acho que o Mundo esteja pior.
Acho que está mais pequeno e mais barulhento...
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