23.9.09

Estado

Por João Paulo Guerra

Em relação ao badalado caso da propalada espionagem de São Bento a Belém há dois casos a considerar: houve ou não houve espionagem? Se houve é gravíssimo. Se não houve também, porque um dos parceiros da “cooperação estratégica” ou está tomado de paranóia ou pensa mesmo que o outro é capaz de tal velhacaria.
SEJA COMO FOR, a primeira dúvida que se coloca politicamente é ainda outra: um assessor de Belém passou ou não passou a um jornalista essa suspeita sobre espionagem inter-institucional? E esta questão parece ter uma resposta clara, indesmentível e incontornável: passou, sim senhor.
E, sendo assim, há outros dois casos a considerar: o assessor agiu com ou sem conhecimento da alta instituição que assessora? Se agiu em roda livre há dois casos a considerar: o assessor é desautorizado sumária, pronta e publicamente ou não é? No caso de não ser, aplica-se a sabedoria popular segundo a qual “quem cala, consente” e estamos então perante a mais escandalosa situação de que haverá memória de ingerência por parte de uma instituição no normal funcionamento da vida democrática. Ao pé disto, as tricas das “forças de bloqueio” de antanho são inocentes brincadeiras de crianças.

É verdade que as juras de paz e amor, nos últimos quatro anos, entre as instituições Belém e São Bento, cheiraram quase sempre um pouco a casamento de conveniência. Mas custa a crer, apesar de tudo, que a ruptura tenha chegado ao nível do pontapé abaixo da cintura e da facada nas costas. Os portugueses têm razão para se inquietar com o nível das relações entre as instituições, manchado por episódios, quezílias e métodos de confronto que não são próprios de governantes e estadistas. Mas que talvez ilustrem o estado… a que isto chegou.

«DE» de 22 de Setembro de 2009

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1 Comments:

Blogger António Viriato said...

O PR deveria intervir com clareza neste caso, como fez a propósito do Estatuto dos Açores.

Esperemos que o PR ainda venha a reagir em tempo útil, i.e., antes de Domingo. Se não o fizer, prejudica-se a si mesmo e ao partido de que é originário, a este último talvez de forma definivamente nociva, ante a disputa em que se acha.

Porém, não deve esquecer-se a actuação beligerante de Soares, quando fez de Belém o QG da conspiração anti-PM da altura, cujo nome agora não me ocorre.

Esforço de isenção é coisa que não fica mal aos nossos jornalistas mais mediáticos.

24 de setembro de 2009 às 01:20  

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