4.11.09

Maradona: um homem bom

Por Joaquim Letria

OS HIPÓCRITAS QUEREM que a gente apague da memória Armando Diego Maradona, “El Pibe”, e que jamais os nossos ouvidos escutem palavras desse peito forte que no braço direito tem tatuado “El Che” e na sua mítica perna esquerda o comandante Fidel Castro. O mundo de pulhostres rasgou as vestes quando Maradona disse o que lhe ia na alma e deixou falar o coração. Os Platinis, os Pelés, os Figos trataram de o encomendar ao criador.

Escândalo porque Maradona falou contra os jornalistas que durante meses o massacraram, dizendo-lhes nas trombas, olhos nos olhos, sem assessores nem porta-vozes, como se estivesse no Caballito, e com o perdão das senhoras, ”que la chupen, que la sigan chupando”.

Maradona é sensível, chorão, grosseiro, um virtuoso que não esconde a sua devoção por Carlos Salvador Bilardo. Entre o Menottismo e o Bilardismo, Maradona saltou para o colo do “Narigudo”, como muito bem sabe Jorge Valdano que partilhou anos de quartos de hotel e uma vida profissional gloriosa com “El Pibe”.

Quando Diego coxeava no Sevilha e se atirava de cabeça para a bancada dos pobres, dizia tudo ao mundo que não conhece o Boca nem vira um jogo na “Bombonera”. Também em Itália deixou claro de que lado da vida estava. Interessante o amor filial de Diego por Bilardo, a quem perdoou tê-lo tirado do campo antes do minuto 90, pela primeira vez na vida. Só um homem bom pode ser como Maradona.

«24 horas» de 4 de Novembro de 2009

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