Os mortos de Andorra
Por Baptista-Bastos
A MORTE COMPORTA, em si mesma, muito de insolente e algo de escandaloso. Aqueles portugueses que morreram no túnel de Andorra deixaram de ter nomes e passaram a ser números. Quantos? Em rigor não se sabe. Foram para um sonho e não sabiam do perigo. Um deles esteve doze horas, doze horas!, com as pernas entaladas sob toneladas de betão e de ferro, sem se libertar das contracções dos músculos, até que. As dores eram inimagináveis. Animaram-no com frases nas quais a piedade e a compaixão foram o conforto desmembrado de quem sabe que as coisas estão irremediavelmente acabadas. O homem gelara; colocaram-lhe nos ombros e no tronco que sobrava cobertores sobre cobertores. Até que. (...)
A MORTE COMPORTA, em si mesma, muito de insolente e algo de escandaloso. Aqueles portugueses que morreram no túnel de Andorra deixaram de ter nomes e passaram a ser números. Quantos? Em rigor não se sabe. Foram para um sonho e não sabiam do perigo. Um deles esteve doze horas, doze horas!, com as pernas entaladas sob toneladas de betão e de ferro, sem se libertar das contracções dos músculos, até que. As dores eram inimagináveis. Animaram-no com frases nas quais a piedade e a compaixão foram o conforto desmembrado de quem sabe que as coisas estão irremediavelmente acabadas. O homem gelara; colocaram-lhe nos ombros e no tronco que sobrava cobertores sobre cobertores. Até que. (...)
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