23.12.09

A guerra assimétrica

Por Joaquim Letria

TALIBÃ QUER DIZER ESTUDANTE. Neste caso, estudante do ensino islâmico, tal como é ensinado e memorizado nas madraças. A motivação dos talibãs é, portanto, religiosa. Acreditam na força da sua fé para acabarem com os seus inimigos. O seu universo não cabe nas mentes nem nos corações. Aspiram a conquistar também as almas. Se tiver de ser pelo medo, pois que seja.

No Afeganistão há muitas falhas geológicas, tribais e espirituais. Ali há miséria, corrupção, falta de escolas, inexistência de estruturas de Estado, tribos, clãs, etnias, ópio, senhores da guerra e criminosos comuns. É aqui se trava uma guerra assimétrica sob todos os aspectos, quer pelos meios e tácticas militares, quer pela fé e pela razão. Lamentavelmente, ninguém quer ver a realidade e acabamos por ficar com W. Bush a falar do bem e do mal.

Sem dinheiro para mandar cantar um cego, também nós vamos mandar mais homens para o Afeganistão para agradar a Obama. Este, por sua vez, manda mais 40 mil homens para esta guerra, ou não fosse ele prémio Nobel da paz. Segundo todos os indícios, trata-se de forçar uma negociação que permita uma retirada menos desonrosa, como se pactuar com o diabo não fosse um péssimo resultado.
«24 horas» de 23 de Dezembro de 2009

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