O epitáfio
Por Joaquim Letria
O EPITÁFIO É O CÚMULO da vaidade. O epitáfio é o cartão de visita daqueles que se despedem.
Isabel I de Inglaterra quis que o seu epitáfio “sucintamente recordasse o meu nome, a minha virgindade, a duração do meu reinado, as reformas com que contribuí para a religião e a salvaguarda da paz”. Instruções deixadas em testamento.
Já o Imperador José II da Áustria reconhece no seu epitáfio as suas desditas sem fim, não se atemorizando a gravar na pedra aquilo que lhe marcou a existência: “Aqui jaz José II que foi desgraçado em todas as suas empresas”.
Passear num cemitério não será passatempo que se recomende, mas a verdade é que se vem de lá enriquecido e divertido. O homem é tão néscio que, muitas vezes, depois de morto, pretende continuar a enganar os vivos como se estes fossem todos parvos.
Giovanni Mosca sonhou com a impossível sinceridade: ”Nas lápides só se escrevem mentiras. Se alguém tivesse a coragem de escrever “Fulano de tal, sem Vergonha”, naturalmente que uma onda de sinceridade se abateria sobre os cemitérios e os homens passavam a morrer com medo dos seus defeitos ficarem eternizados em pedra.
Por a morte ser o grande problema dos vivos, os cemitérios também são conhecidos por “Quintas das tabuletas” e estão transformados em parques enciclopédicos, carregados de epitáfios cheios de vaidade, exagero e falta de vergonha.
«24 horas» de 29 de Dezembro de 2009O EPITÁFIO É O CÚMULO da vaidade. O epitáfio é o cartão de visita daqueles que se despedem.
Isabel I de Inglaterra quis que o seu epitáfio “sucintamente recordasse o meu nome, a minha virgindade, a duração do meu reinado, as reformas com que contribuí para a religião e a salvaguarda da paz”. Instruções deixadas em testamento.
Já o Imperador José II da Áustria reconhece no seu epitáfio as suas desditas sem fim, não se atemorizando a gravar na pedra aquilo que lhe marcou a existência: “Aqui jaz José II que foi desgraçado em todas as suas empresas”.
Passear num cemitério não será passatempo que se recomende, mas a verdade é que se vem de lá enriquecido e divertido. O homem é tão néscio que, muitas vezes, depois de morto, pretende continuar a enganar os vivos como se estes fossem todos parvos.
Giovanni Mosca sonhou com a impossível sinceridade: ”Nas lápides só se escrevem mentiras. Se alguém tivesse a coragem de escrever “Fulano de tal, sem Vergonha”, naturalmente que uma onda de sinceridade se abateria sobre os cemitérios e os homens passavam a morrer com medo dos seus defeitos ficarem eternizados em pedra.
Por a morte ser o grande problema dos vivos, os cemitérios também são conhecidos por “Quintas das tabuletas” e estão transformados em parques enciclopédicos, carregados de epitáfios cheios de vaidade, exagero e falta de vergonha.
Etiquetas: JL
2 Comments:
a cremação tem grandes vantagens! acabei de descobrir mais uma.
Os mortos são coisas de vivos, para eles, os mortos, não lhe aquece nem arrefece.
UM BOM ANO PARA TODOS
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