À espera, pelos jardins
Por Joaquim Letria
O VELHO OLHOU, tranquilamente, para o outro extremo do jardim. Era um olhar certo, que sabia antecipadamente o que ia encontrar. Era o olhar de um velho.
As crianças que brincam naquele jardim não notam os velhos. Brincam entregues a si próprias e só elas contam, entre si; os velhos não brincam com as crianças, naquele jardim, nem reparam nelas demasiadamente. As crianças importam-se apenas consigo próprias e com as brincadeiras. Os velhos importam-se com coisa nenhuma. São apenas velhos a aquecerem-se ao sol. São velhos à espera da morte. (...)
Texto integral [aqui]As crianças que brincam naquele jardim não notam os velhos. Brincam entregues a si próprias e só elas contam, entre si; os velhos não brincam com as crianças, naquele jardim, nem reparam nelas demasiadamente. As crianças importam-se apenas consigo próprias e com as brincadeiras. Os velhos importam-se com coisa nenhuma. São apenas velhos a aquecerem-se ao sol. São velhos à espera da morte. (...)
Etiquetas: JL
2 Comments:
Fiquei com aquela estranha sensação de alguém que se emocionou, sem bem saber porquê ou, pior, sem saber o que fazer com essa emoção.
adorei este excerto,
mostra claramente o ignorar de "idades". já tudo é singular, a união que leva a evolução foi esquecida, relegada até, somente, para os confins da história em que ligação entre velhos e novos era produtiva. agora, é cada um por si, num plano largo, mas mais restrito, cada idade junta e pouco mais importa. sinais do tempo que se perdem e que fazem o Homem perder-se dele mesmo.
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