Os anos do quartzo
Por Nuno Crato
UM DIA DE INVERNO, ao fim da tarde, fazia já escuro, passava eu com o meu pai pela rua de Arroios e um grupo de operários, à porta de uma oficina, abordou-nos: «Faz favor, diz-nos as horas?». Ergui o pulso, orgulhoso com o meu novo relógio, a que dava corda religiosamente, todas as noites, e disse-lhes. «São quase sete!». Imagino que estivessem à espera de transporte e lembro-me que estava contente por ter sido útil. Devia ter os meus oito ou nove anos.
Continuámos pela rua e deixámos para trás os operários. «Reparaste quantos homens ali estavam?», perguntou-me o meu pai, «Uns 15 ou 20. E nenhum deles tinha relógio. Nenhum deles tem dinheiro para comprar um relógio.» (...)
Texto integral [aqui]
UM DIA DE INVERNO, ao fim da tarde, fazia já escuro, passava eu com o meu pai pela rua de Arroios e um grupo de operários, à porta de uma oficina, abordou-nos: «Faz favor, diz-nos as horas?». Ergui o pulso, orgulhoso com o meu novo relógio, a que dava corda religiosamente, todas as noites, e disse-lhes. «São quase sete!». Imagino que estivessem à espera de transporte e lembro-me que estava contente por ter sido útil. Devia ter os meus oito ou nove anos.
Continuámos pela rua e deixámos para trás os operários. «Reparaste quantos homens ali estavam?», perguntou-me o meu pai, «Uns 15 ou 20. E nenhum deles tinha relógio. Nenhum deles tem dinheiro para comprar um relógio.» (...)
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