28.1.10

Puxar pelos pergaminhos

Por Joaquim Letria

O JORNALISMO tem de puxar pelos pergaminhos, por vezes. O Haiti é o exemplo dum caso desses. Aquela informação dos oficiais da GNR, dos presidentes dos grupos parlamentares e dos comandantes dos bombeiros a quem se estende o microfone para eles dizerem o que lhes dê na gana, não resulta nestes casos. Aqui tem mesmo de se trabalhar, mesmo que seja para nos dar o folclore da desgraça, o drama daqueles infelizes, que não é fácil ou, então, para ficarmos a saber tudo o que de importante se passa.

Pelo que vejo, julgo que vai uma grande distância entre o que se pode ver numa BBC World, numa Al Jazeera, numa TVE ou numa Globo e as nossas três televisões. E as culpas não são do Vítor Gonçalves (votos dum pronto restabelecimento), do Costa Ribas, da Patrícia Reyna. Tanto quanto ainda me lembro, normalmente as coisas não correm como deveriam por incompetência de quem cá fica no bem-bom, sem dar apoio a quem precisa. Por isso, os meus parabéns a estes nossos enviados especiais. E em particular ao José Rodrigues dos Santos. Zé: que grande livro que as ONG e as fundações poderão dar para o próximo Verão!
«24 horas» de 28 de Janeiro de 2010

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1 Comments:

Blogger Futrica said...

Santaclarense, 21.01.10

JRS já lá faltava no Haiti

E eis que a RTP mandou mais um (des)enfiado especial ao Haiti, para que nos conte tudo, tudo, mas mesmo tudo, desde as fronteiras, ao espaço aéreo, ao mar salgado, às urtigas, aos cocos e aos rabanetes do Haiti.
Empacotado no colete que já o levou ao Iraque (logo por azar, dessa vez, não houve guerra), o impagável José Rodrigues dos Santos, também chegou ao Haiti. Sim, nós, os tugas, queremos que nos conte tudo.
Quando puder, JRS despache uma reportagem completa sobre quantos enviados temos no terreno, como se vestem, a que horas lancham e como pssam a noite. É sempre bom saber.
E quando esta tragédia deixar de ser notícia, senhores enviados especiais, no Haiti há bananeiras cujo cultivo desconhecemos. Esforcem-se! É para isso que vos pagamos na conta da luz!
E quando já tiverem a vossa (co)missão garantida, há mais enviados na calha, sem esquecer a porteira, o piriquito e o tareco.
Nem o terramoto com a sementeira de morte e destruição faria sentido se JRS não o testemunhasse com o sensacionalismo bacoco que lhe é peculiar nestas situações.
As feridas dos haitianos, essas demorarão ainda mais a sarar, justamente porque são esmiuçadas nas múltiplas vertentes a troco da ganância de mais ouvintes, leitores e telespectadores.

28 de janeiro de 2010 às 22:28  

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