10.2.10

Cavaco de dedo no nariz

Por Joaquim Letria

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA devia andar mais preocupado a tratar daquilo a que hoje preside, em vez de estar entretido com os 100 anos da República. Deixe lá a efeméride para o Soares, que além de republicano diz que é socialista, e admirador do Afonso Costa, e de outras figuras da choldra que levou Ramalho Ortigão a partir para Paris, como homem de bem que era.
A pestilência que o Estado exala deve chegar a Belém. Não acredito que o Chefe deste Estado ande com uma mola nas narinas e já deve saber que a política não é como a perdiz, que é boa de cozinhar com um dedo no nariz.

Claro que os portugueses andam angustiados, não com a corrupção, que, segundo o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, até não pode ser avaliada. Também não são as mordomias de uns quantos deputados e ministros, que dão moradas no concelho de Almada, distrito de Setúbal, para abicharem ajudas de custo, que angustiam os portugueses.
O que os angustia, entre outros descaramentos, é um tema caro ao supremo magistrado, que até já falou ao país quando sentiu a casa a arder: escutas telefónicas! Oxalá que S. Exa. não fique por uma presidência de buraco de fechadura, mas que se preocupe, a bem da nação, com as ilegalidades e imoralidades contidas em certas fitas mandadas destruir.
«24 horas» de 10 de Fevereiro de 2010

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6 Comments:

Blogger GMaciel said...

O problema é que quem tem palha no celeiro, não se atreve a acender um fósforo.

10 de fevereiro de 2010 às 14:39  
Blogger Ribas said...

Humm...
Não acredito que haja palha naquele celeiro.
O homem é demasiado calculista!
Já lhe chegou o Dias Loureiro.

10 de fevereiro de 2010 às 18:53  
Blogger Karocha said...

GMaciel

Acho que tem razão!

10 de fevereiro de 2010 às 21:04  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Crónica de Henrique Raposo, no «Expresso-online»:

___________

A farsa de José Sócrates

1. José Sócrates não quer perceber uma coisa simples: isto não é um caso de polícia. É um caso político. Não vale a pena fugir para o segredo de Justiça e para escutas anuladas, porque não estamos a falar de Justiça, mas de política. Politicamente, José Sócrates tem de dar explicações às instituições do país. Aquilo não é "conversa privada". E não se estão a fazer ataques ao carácter do "José". O país inteiro está a exigir um pedido de explicação pública a José Sócrates, primeiro-ministro (era só o que faltava que isto constituísse uma injúria privada). Sócrates tem de explicar por que razão mentiu ao Parlamento. E tem de explicar por que razão o seu nome aparece num esquema ilegítimo destinado a apagar vozes incómodas nos media.

2. A desilusão da semana é Alberto Martins. Este senhor, que passa a vida a dizer que foi "anti-fascista", tem uma estranha noção de Estado de direito. Como diz o "Público" em editorial, as declarações de Alberto Martins apenas revelam o estado de nervos do PS. Pior: este ministro confundiu a defesa do Estado de direito com a defesa de Pinto Monteiro e Noronha de Nascimento, como se estes homens tivessem o dom da infalibilidade. Mas Pinto Monteiro e Noronha de Nascimento estão acima da crítica? No fundo, Alberto Martins não está zangado com o conteúdo do problema. Alberto Martins está zangado com o facto de nós, opinião pública, conhecermos publicamente esse conteúdo. Convenhamos que este não é um registo simpático para um "anti-fascista".

3. O segredo de Justiça é uma questão técnica e formal. Não é um valor absoluto. O valor absoluto, aqui em jogo, é termos um primeiro-ministro acima de qualquer suspeita. O valor absoluto, aqui em jogo, é a existência de uma sociedade livre onde o poder político não pode controlar os patrões dos media. O valor absoluto, aqui em jogo, é a existência de um regime político sério assente numa palavra que temos de aprender a traduzir para português: accountability.

10 de fevereiro de 2010 às 21:17  
Blogger Filho de Puta said...

Pois, GMaciel:
De certeza que tem palha no celeiro, pois de outro modo não se compreende que na sua tomada de posse não tenha vindo nenhum membro da Casa Real Britânica, como tem sido hábito com todos os Presidentes da República.

Será que as pessoas já esqueceram o que se passou com o Jorge Sampaio?

A Coroa Britânica está mesmo muito aborrecida (é o mínimo que se pode dizer) com o que se passa em Portugal: o desvio de bens seus!

10 de fevereiro de 2010 às 21:45  
Blogger Karocha said...

Filho de Puta

Hein!!!

10 de fevereiro de 2010 às 22:14  

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