10.2.10

Liberdade, eis a questão

Por Baptista-Bastos

A QUESTÃO É ESTA: há liberdade de imprensa em Portugal? É ociosa, a pergunta, para quem, como eu, vem do tempo em que se escrevia baixinho, tão baixinho que perdêramos muitas das palavras, por mudez e falta de uso. Já me não surpreende a desvergonha de alguns daqueles que têm desfilado nas televisões a proclamar que vivemos numa asfixia. Mas indigna-me o silêncio calculado dos que se não erguem a protestar contra a ambiguidade do assunto.

O alvo, naturalmente, é e tem sido José Sócrates. O homem mente compulsivamente, denegou os testamentos da esquerda, bandeou-se com a direita procedendo às mais graves traições, não possui bússola ideológica, ignora o que são convicções, é destituído de compleição de estadista e cultiva uma mediocridade feliz dissimulada numa incontinência retórica que, amiúde, o emparelha com um vendedor de feira. (...)
Texto integral [aqui]

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4 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

José António Saraiva, em entrevista ao «i»:
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No único almoço que o Sol teve com Sócrates em São Bento, ele às tantas disse-me que «isto de a gente tentar comprar jornalistas é um disparate, porque a melhor forma de controlar a imprensa é controlar os patrões».

Foi extraordinário o desplante de ter dito isto e depois ter posto esse plano em prática.

De há algum tempo para cá, a sua estratégia tem sido controlar os patrões: foi o Diário Económico comprado pela Ongoing, a Controlinveste através do financiamento bancário, a TVI através da compra pela PT e depois com a Ongoing e por aí fora.

A pouco e pouco, o que a gente vê é que a margem de liberdade começa a ser muito limitada através desse mecanismo simples: entrar por cima, sobretudo num período de crise económica, em que todos os grupos vivem com dificuldades financeiras e em que a chantagem e o controlo têm repercussões enormes, porque toda a gente tem medo de ter dificuldades de financiamento ou de publicidade se estiver contra o governo.

10 de fevereiro de 2010 às 12:20  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Há alguns anos, Jorge Fiel, que na altura escrevia no «Expresso», publicou um texto em que criticava um determinado banco.

A partir daí, e em retaliação, o banco cortou por completo a publicidade no jornal - e todos imaginamos quanto custam os anúncios desse género.

Curiosamente, o jornalista já lá não trabalha mas, pelo que se pode ver, a ostracização mantêm-se.
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Esse foi apenas um caso que se veio a saber, mas imagine-se o que se passa na comunicação social, que vive extremamente dependente da publicidade.

E podemos ir mais longe:

Se as empresas podem cortar a publicidade aos jornais que as criticam, os governos (nacionais e autárquicos) podem fazer o mesmo com os anúncios institucionais (publicação de empreitadas, avisos, editais, etc).

10 de fevereiro de 2010 às 12:32  
Blogger GMaciel said...

"Já se esqueceram?"

Não. Tenho-me em conta de alguém com excelente memória - infelizmente para mim - e dificilmente esqueço o que não gosto. E não gostei do cavaquismo. Tal como, agora, não gosto do socreti(ni)smo.

Mas, insisto, aflige-me mais o "paternalismo" deste povo, que prefere desculpar o lodo com a ingénua escolha "do mal menor".

A continuar nesta incultura política, numa insipiente lógica democrática e na nefasta ignorância do que é cidadania, não vamos a lado algum.

10 de fevereiro de 2010 às 13:03  
Blogger Manuel Brás said...

A liberdade de...

Negócios apadrinhados
por interesses tenebrosos,
tentáculos emaranhados
entre monturos escabrosos.

Desta tremenda devassidão
da política lusitana
brota a abjecta podridão
de gentalha tão pobretana.

O esquema propulsional
da presteza funambulista
é a salvação nacional
para gente irrealista.

10 de fevereiro de 2010 às 14:58  

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