12.2.10

A fugirem da Matemática

Por Joaquim Letria

PORTUGAL LIDEROU a investigação matemática no glorioso tempo dos Descobrimentos. Foram os conhecimentos da Matemática que tornaram possível criar a prestigiada cartografia lusitana, ajudaram a navegar sem ver a costa, e puderam guiar-nos pela astronomia através de instrumentos criados para tão difícil tarefa.
Nesses tempos, os portugueses eram os mais adiantados do mundo e até à China fomos ensinar matemática a mandarins e imperadores. Hoje, temos jovens com excelentes perspectivas na investigação da Matemática e é um português, Jaime Carvalho e Silva, da Universidade de Coimbra, que preside à maior organização mundial do ensino da matemática.
Porém, em Portugal, há hoje professores nos três ciclos que fizeram o 9.º ano chumbados a matemática e cuja preparação é muito deficiente, até porque não receberam formação matemática no secundário. Só no actual secundário se encontra professores com boa preparação, mas este ano já faltam verdadeiros professores de matemática. Na Universidade de Coimbra, por exemplo, somente um único professor está a ser formado no Curso de Matemática.
Ao ensinarem-lhes a não ler, a escrever o português com os pés e a fugirem da Matemática, os jovens portugueses vão ter um futuro muito difícil.

«24 horas» de 12 de Fevereiro de 2010

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3 Comments:

Blogger GMaciel said...

E não só. Se a isso acrescentarmos a "experiência pedagógica da TLEBS" e o acordo ortográfico, está o baile armado.

:(

12 de fevereiro de 2010 às 12:35  
Blogger R. da Cunha said...

Sem a matemática bem assimilada nos 9 anos de ensino obrigatório e os rudimentos de filosofia no ensino secundário, que parece ter desaparecido, não vamos lá.
Mas o que está a dar é a Área de Projecto (que não sei o que seja) e similares.

12 de fevereiro de 2010 às 19:07  
Blogger José Batista said...

O ensino da matemática em Portugal parece-me estar a caminhar para uma situação terrível. Por exemplo: há antigos professores primários (eu acho o termo primário muito adequado, porque significa para mim primeiro, ponto de partica, alicerce, base, fundamento, etc...)que tendo feito umas barrelas em universidades de vão de escada ou em escolas superiores de educação ou através da tv, e tendo apenas frequentado matemática até ao antigo terceiro ano dos liceus ou escolas secundárias, actual nono ano de escolaridade, e tendo sido, ainda por cima, alunos fracos, veêm-se agora possuidores de habilitações para leccionaram precisamente a matemática do oitavo ou nonos anos, senão mais, porque se tornaram portadores formais de habilitação para esses níveis. O que significa que estão encarregados de ensinar o que nunca aprenderam. Com a agravante de que, tendo começado a trabalhar muito mais cedo do que os licenciados em matemática pelas universidades clássicas, lhes passaram à frente em tempo de serviço, tendo preferência no caso de as escolas dispensarem professores. E o caso foi tal que houve professores nestas condições a tornarem-se professores titulares, segundo a legislação da anterior equipa ministerial, ainda em vigor, com funções de avaliadores! Creio que isto dá para percebermos o atoleiro em que caímos. Há mesmo especialistas em eduquês que ainda conseguem afirmar que a matemática não interessa ao vulgo, o que é importante seria o que apelidam de "educação matemática", seja lá isso o que for.
É por isso que pessoas como o profesosr Nuno Crato deviam merecer todo o nosso apoio, para que não fiquem a pregar no deserto da nossa ingorância e irresponsabilidade. De outro modo, o nosso futuro há-de ser mais ou menos como tem sido o passado: tudo mudamos sempre mas nada melhoramos nunca. E os pobres continuarão condenados à sua miserável pobreza

13 de fevereiro de 2010 às 13:14  

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