Já Voltei ao Colégio
Por Alice Vieira
JÁ VOLTEI ao colégio.
A minha mãe obrigou-me a vestir todos os casacos que encontrou no roupeiro, e não descansou enquanto não me enfiou pela cabeça abaixo um boné de fazenda aos quadrados castanhos e pretos.
Fico horrível de boné.
Mas a minha mãe diz que aquele é a última moda em bonés, que o meu pai tem um igualzinho, comprado no Old England.
A minha mãe vai à abertura da estação do Old England, na Rua Augusta, como outras pessoas vão à abertura da temporada no São Carlos: enfia um vestido verde que só usa em ocasiões especiais, mitenes, e um chapelinho em cima dos bandós.
A Rosa arranja a mesa da casa de jantar, com pratinhos de bolachas Marselhesa e um bule de chá de tília, para ela se sentir mais reconfortada no regresso — não esquecendo a garrafinha de Anisette, porque não há nada como um cálice de licor para uma pessoa ter alma nova. (...)
Texto integral [aqui]JÁ VOLTEI ao colégio.
A minha mãe obrigou-me a vestir todos os casacos que encontrou no roupeiro, e não descansou enquanto não me enfiou pela cabeça abaixo um boné de fazenda aos quadrados castanhos e pretos.
Fico horrível de boné.
Mas a minha mãe diz que aquele é a última moda em bonés, que o meu pai tem um igualzinho, comprado no Old England.
A minha mãe vai à abertura da estação do Old England, na Rua Augusta, como outras pessoas vão à abertura da temporada no São Carlos: enfia um vestido verde que só usa em ocasiões especiais, mitenes, e um chapelinho em cima dos bandós.
A Rosa arranja a mesa da casa de jantar, com pratinhos de bolachas Marselhesa e um bule de chá de tília, para ela se sentir mais reconfortada no regresso — não esquecendo a garrafinha de Anisette, porque não há nada como um cálice de licor para uma pessoa ter alma nova. (...)
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