Livros & monos
Por Joaquim Letria
NO AEROPORTO de Harare, bagageiros moçambicanos pediram-me livros portugueses. Em Moçambique, vários jovens me haviam formulado o mesmo pedido.
Em Goa, um casal de meia-idade manifestou-me, de lágrimas nos olhos, o desejo de ler e ouvir música portuguesa. A sua memória musical tinha ficado na Maria Clara, no Alberto Ribeiro, na Maria de Lurdes Resende e, naturalmente, na Amália e no Alfredo Marceneiro.
Já contei aqui a história dos livros dum português meu amigo, a viver há muitos anos em Londres, senhor duma muito interessante biblioteca de que tinha de se desfazer, forçado a mudar-se para um pequeno apartamento. Pediu-me para o ajudar, não queria vê-los ao desbarato. Uma biblioteca municipal respondeu-me que só se ele pagasse o transporte, outra disse-me que isso dava muito trabalho. Uma colectividade cultural contestou com a recusa de desvirtuar uma sala de bilhares, e uma colectividade de recreio disse não ter dinheiro para estantes.
Agora há quem finja grande dor que se espantam por as editoras queimarem toneladas de livros que não vendem, e o ministério dos estrangeiros não ter dinheiro para os mandar para Timor?!
Deixem-se de rábulas! Até conheço escritores agradecidos por estes autos de fé tirarem os seus livros dos tabuleiros dos monos e editores aliviados por não desacreditarem os seus falsos “best sellers”.
«24 horas» de 8 Mar 10NO AEROPORTO de Harare, bagageiros moçambicanos pediram-me livros portugueses. Em Moçambique, vários jovens me haviam formulado o mesmo pedido.
Em Goa, um casal de meia-idade manifestou-me, de lágrimas nos olhos, o desejo de ler e ouvir música portuguesa. A sua memória musical tinha ficado na Maria Clara, no Alberto Ribeiro, na Maria de Lurdes Resende e, naturalmente, na Amália e no Alfredo Marceneiro.
Já contei aqui a história dos livros dum português meu amigo, a viver há muitos anos em Londres, senhor duma muito interessante biblioteca de que tinha de se desfazer, forçado a mudar-se para um pequeno apartamento. Pediu-me para o ajudar, não queria vê-los ao desbarato. Uma biblioteca municipal respondeu-me que só se ele pagasse o transporte, outra disse-me que isso dava muito trabalho. Uma colectividade cultural contestou com a recusa de desvirtuar uma sala de bilhares, e uma colectividade de recreio disse não ter dinheiro para estantes.
Agora há quem finja grande dor que se espantam por as editoras queimarem toneladas de livros que não vendem, e o ministério dos estrangeiros não ter dinheiro para os mandar para Timor?!
Deixem-se de rábulas! Até conheço escritores agradecidos por estes autos de fé tirarem os seus livros dos tabuleiros dos monos e editores aliviados por não desacreditarem os seus falsos “best sellers”.
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