10.6.10

O 10 de Junho e a memória da ditadura

Por C. Barroco Esperança

PARECE QUE É a nossa vocação mórbida que conduz à celebração da morte em vez da exaltação da vida e à perpetuação das piores memórias da ditadura para alimentar rituais que a higiene democrática já devia ter banido.

Exumam-se os hábitos e tiques do salazarismo para ornamentar com veneras os peitos disponíveis das celebridades autóctones, algumas só conhecidas da família, dos amigos, do partido e dos negócios.

Vestem um fato de cerimónia, põem um ar grave e lá esperam que o nome seja citado para oferecerem o pescoço ao nastro, o peito à venera e as costas aos abraços.

É assim todos os anos e não se nota a ausência do Tomás. Faltam apenas as viúvas, os órfãos e os estropiados que davam à cerimónia o ar lúgubre da tragédia que teima em perseguir-nos e do ritual que não há coragem para mudar.

Mantém-se o presidente e os carregadores que transportam as medalhas, os figurantes e figurões que desfilam no ecrã das televisões, as vaidades reprimidas e as cumplicidades. (...)

Texto integral [aqui]

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1 Comments:

Blogger GMaciel said...

Obrigada pela sua clareza de espírito, pelo seu olhar de rosto lavado e por partilhar connosco o que se adivinha ter sido difícil de pôr em palavras.

Obrigada.

10 de junho de 2010 às 13:55  

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