Conveniências
Por João Paulo Guerra
AS REVELAÇÕES do WikiLeaks estão a permitir que o Mundo, em lugar de se ver na imagem retocada das suas vaidades e interesses, se observe para lá do espelho deformado pelas conveniências. É como se o Mundo, de repente, tivesse tomado um soro da verdade que o impedisse de mentir ou de dizer apenas semi-verdades convenientes, como se a diplomacia tirasse as luvas brancas das praxes, como se os políticos tivessem ficado coagidos à sinceridade. E não estamos a falar de conversas escutadas atrás das portas. As revelações do WikiLeaks correspondem a documentos escritos e autenticados da administração norte-americana onde as coisas se designam pelos nomes e não com palavras maquilhadas pela oportunidade ou o interesse.
E é assim que ficamos a saber que, na óptica do «amigo americano», determinado político português é de facto considerado «um amigo» e outro um «teimoso». Ou que um terceiro influenciou decisões de Estado, relativas à permanência de tropas no Afeganistão, pelo facto de não lhe terem dado a importância de uma recepção na sala oval. Ou ainda – soube-se ontem e pasme-se – que um banqueiro português se terá proposto espiar para os americanos as finanças de certo país.
E se isto é assim à reduzidíssima escala portuguesa, calcule-se o chinfrim que vai a nível mundial. Claro que já andam pessoas e instituições a tramarem apertar o pescoço a este intempestivo Wikileaks, o mensageiro que está a deitar por terra toda uma cultura de fingimento, e toda uma prática de impostura, com que o Mundo disfarça as reais intenções e pensamentos dos seus líderes.
Os documentos divulgados pelo Wikileaks estão a minar o primado da hipocrisia na relação entre os grandes do Mundo como entre os estados. E ainda a procissão vai no adro.
«DE» de 14 Dez 10AS REVELAÇÕES do WikiLeaks estão a permitir que o Mundo, em lugar de se ver na imagem retocada das suas vaidades e interesses, se observe para lá do espelho deformado pelas conveniências. É como se o Mundo, de repente, tivesse tomado um soro da verdade que o impedisse de mentir ou de dizer apenas semi-verdades convenientes, como se a diplomacia tirasse as luvas brancas das praxes, como se os políticos tivessem ficado coagidos à sinceridade. E não estamos a falar de conversas escutadas atrás das portas. As revelações do WikiLeaks correspondem a documentos escritos e autenticados da administração norte-americana onde as coisas se designam pelos nomes e não com palavras maquilhadas pela oportunidade ou o interesse.
E é assim que ficamos a saber que, na óptica do «amigo americano», determinado político português é de facto considerado «um amigo» e outro um «teimoso». Ou que um terceiro influenciou decisões de Estado, relativas à permanência de tropas no Afeganistão, pelo facto de não lhe terem dado a importância de uma recepção na sala oval. Ou ainda – soube-se ontem e pasme-se – que um banqueiro português se terá proposto espiar para os americanos as finanças de certo país.
E se isto é assim à reduzidíssima escala portuguesa, calcule-se o chinfrim que vai a nível mundial. Claro que já andam pessoas e instituições a tramarem apertar o pescoço a este intempestivo Wikileaks, o mensageiro que está a deitar por terra toda uma cultura de fingimento, e toda uma prática de impostura, com que o Mundo disfarça as reais intenções e pensamentos dos seus líderes.
Os documentos divulgados pelo Wikileaks estão a minar o primado da hipocrisia na relação entre os grandes do Mundo como entre os estados. E ainda a procissão vai no adro.
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2 Comments:
Outra coisa que esta situação tem vindo a deixar bem patente, é a quantidade de portugueses que são, ou se tornaram, invertebrados.
Lendo por aí noutros blogues, incomoda-me verificar quantos estão dispostos a deixar que se controle a Internet em nome, dizem, da segurança de cada um.
Entende-se, é que isto de desmanchar a imagem dos "santinhos de devoção de cada um" é chato, muito chato mesmo!!!
O melhor era abrirem todas as malas diplomáticas das Democracias Ocidentais. Estou certo de que ficaríamos todos de boca aberta com a «Kualidade» do seu funcionamento isotérico.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 14/12/2010
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