3.12.10

Fome

Por João Paulo Guerra

AS REPORTAGENS mais ou menos dramáticas que começam a encher páginas de jornais e revistas com o retrato de um país de miséria e fome – este país, o País da Fome, chama-lhe esta semana a revista Visão – não retratam ainda resultados da presente crise nem da próxima austeridade.

Reflectem, isso sim, efeitos de uma política seguida nas últimas décadas. Mas, muito particularmente, reproduzem consequências da política do Governo actual: o poder de compra dos salários e das pensões degradou-se, o desemprego acelerou, o número de pessoas com trabalho em risco de pobreza explodiu, a percentagem de crianças pobres no conjunto da população escolar disparou, a desigualdade impôs-se como regra ao longo dos mandatos do governo de um partido que se chama socialista. (...)
Texto integral [aqui]

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2 Comments:

Blogger Bartolomeu said...

O João Paulo Guerra, elenca uma quantidade de problemas de ordem social, mas sobretudo política e governamental, dos quais não discordo, mas salta por cima de um outro fundamental, no meu ponto de vista. A organização social.
A sociedade está para além de desmotivada, também desorganizada e sem capacidade de se valer a si mesma, de encontrar por si, alternativas a uma crise que a afecta.
Qualquer alternativa possível, é entendida como um retrocesso no progresso, na qualidade de vida obtida, conferida por governos PSD, mas frágil. Poucos entenderam na altura que as facilidades e o crescimento económico e de poder de compra que nos foi oferecido pela entrada na CEE e posteriormente UE, possuía pés-de-barro, porque assentava em algo irreal e subjectivo. Assentava em destruir a base da nossa economia, porque se encontrava obsuleta e começar tudo de novo, um sonho, uma magia que nos conduziria a um crescimento desmedido, algo que nem a Espanha, muito melhor governada e com uma sociedade mais ciente dos seus deveres e das suas obrigações conseguiu.
Hoje estamos a braços com diferentes problemas, cada um mais tenebroso que o outro, mas mantemos armas apontadas para um inimigo que teimamos em ignorar, um fantasma que sentimos que nos ronda, mas que não identificamos com precisão e que, quando identificamos, desistimos de eliminar, derrotados por um sentimento de impotência, gerado e criado por nós mesmos.
A educação, o emprego, a saúde, a assistência aos verdadeiramente necessitados, são problemas que se avolumam e que dizem directamente respeito à sociedade. Uma sociedade que para os ultrapassar e se estabilizar e se sustentar, tem de tomar a seu cargo a sua resolução, sem estar dia após dia dependente da decisão de um governo que se baralha a cada passo e que, por viver num mundo irreal, acha que com manobras engenhosas, vai conseguir transformar os torrões em ouro.
Temos um país para reconstruír, é necessário adoptar ideias realistas e transparentes e tal como um dia, após um outro terramoto, um outro Senhor declarou; é preciso enterrar os mortos, tratar os vivos e reconstruír sobre alicerces fortes.

3 de dezembro de 2010 às 09:43  
Blogger José Batista said...

Um meu amigo diz que estamos a viver tempos "chuchalistas". Sobretudo da parte de quem pode. Agora os outros, aquela mole imensa...

3 de dezembro de 2010 às 16:26  

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