9.1.11

Boas e más acções

OS LEITORES que, nos tempos do PREC, já eram crescidos, decerto se recordam do que adiante vou referir, e que na altura acompanhei com particular atenção. Aqui vai, esperando que a memória não me atraiçoe demasiado.
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NUMA altura em que todo o bicho-careta ganhava dinheiro na bolsa, Francisco Sá Carneiro pediu dinheiro emprestado a um banco e comprou acções. Pouco depois, e devido às voltas que a vida deu, ficou sem as poder vender nem devolver o dinheiro emprestado. Propôs-se, então, entregar ao credor, como pagamento, os referidos títulos.

Pelo menos, foi assim que «O Diário» noticiou o caso, do qual, durante muitas semanas, fez 1ª página, com grande abundância de documentação - incluindo fac-símiles de extractos bancários. Curiosamente, isso parece não ter beliscado minimamente Sá Carneiro; pelo menos, não impediu que ele obtivesse, logo a seguir, uma maioria absoluta.
Porquê?
Possivelmente, porque boa parte do povo se estava nas tintas para as actividades accionistas dos políticos - mesmo os de topo; e outra parte decerto achou que o visado fez muito bem.

Por idênticos motivos, palpita-me que, no caso de Cavaco Silva (com acções do BPN que comprou barato ou vendeu caro - já não sei), vai suceder exactamente o mesmo.
Entretanto, os candidatos presidenciais não parecem muito interessados em discutir os verdadeiros problemas que afectam o país - eles lá saberão porquê.

7 Comments:

Blogger anabela said...

O Cavaco mesmo com estas intervenções tão à sua medida, vai na mesma em frente, porque quando do outro lado se passa coisas como esta que vou passar a contar, não hà hipótese......

Ontem tive vergonha de ser Almadense.

Só tive conhecimento que Manuel Alegre vinha a Almada por um amigo, porque informação nem nada.

Mas nunca pensei que fosse assistir a uma coisa tão deprimente. Disseram-me que começava às 19 horas, quando cheguei à Incrível, deparei-me com meia dúzia de “gatos-pingados”, a organização não existia e deu-me a sensação de uma reunião dos "alcoólicos anónimos".

Aguentei até às 8h e 20m sem qualquer informação e com o mesmo numero de pessoas. Ninguém veio ao palco dizer qualquer coisa, seria o mínimo pedido.

Posso dizer que se não sabem organizar mais vale não fazer. A imagem que se deu foi de um velório e não de uma festa.

Penso que o Sr. Ramalho tem culpa, e não é por não gostar de Manuel Alegre que pode boicotar uma eleição.

Fiquei com muita pena, uma sala sem cor, sem luz, fria, e quando se tem dois partidos a apoiar (desapoiar), não existe justificação para o que aconteceu.

Nas outras eleições em todos os sítios onde Manuel Alegre foi, teve sempre muito mais pessoas, a apoia-lo ao vivo.

Vejam o que andam a fazer, porque parece-me existir uma falta de vontade muito grande de levar este homem à presidência.

Trabalhem um pouco mais, e se precisarem de ideia sem gastar muito dinheiro digam...

9 de janeiro de 2011 às 16:58  
Blogger R. da Cunha said...

Tal como então, também hoje o povo se está nas tintas para os ganhos de Cavaco. Ganhou uns cobres? Ainda bem, porque deve ser um tipo esperto. "Mas foi com a ajuda de um amigalhaço". E depois? Os amigos não são para ocasiões? Só fala quam não tem tais amigos ou a esperteza suficiente. E o homem até diz que perdeu dinheiro... Vitória à primeira volta e folgada, vão ver.

9 de janeiro de 2011 às 18:32  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Eu, por sinal, até embirro um bocado com o Cavaco. Mas, nestas eleições, a esquerda está a espalhar-se, pois a única maneira de derrotar o homem é apresentar um candidato melhor do que ele (ou, pelo menos, mais credível). E, isso, não fez.

Não digo que esta rábula do BPN deva ser omitida. O que digo é que, ao adoptá-la como tema principal do debate político, a esquerda mostra um vazio de ideias que é triste. Confesso que esperava melhor.

Há 5 anos votei em Manuel Alegre, e não me arrependi. Este ano não o farei, até porque não me revejo em nenhum dos candidatos.

9 de janeiro de 2011 às 18:46  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Muitos europeus não percebem porque é que, nos EUA, a malta dá facilmente a vitória a candidatos milionários (em geral sem se interrogar como é que eles atingiram esse 'status').
O motivo é simples: o eleitor-médio norte-americano acha que, se o candidato foi capaz de enriquecer, é porque o soube fazer, pelo que também pode enriquecer o país.

O europeu-médio pensa exactamente ao contrário: se o candidato enriqueceu, é porque foi desonesto.
Provavelmente, roubou e irá roubar o povo.

Mas há excepções curiosas: se se tratar de um autarca ou de um dirigente desportivo, o critério já não é tão exigente. Se a ideia é que "ele roubou para beneficiar a nossa terra (ou o nosso clube)", já ninguém se importa com isso.

9 de janeiro de 2011 às 19:10  
Blogger José Batista said...

Psst! Psst!
Vou contar-lhes um segredo: já pensei votar num antigo presidente: Manuel de Arriaga!
Atenção, nada de badalar, fica entre nós!

9 de janeiro de 2011 às 19:11  
Blogger Unknown said...

Será que não se consegue sair da dicotomia Cavaco-Alegre, como se não houvesse mais ninguém?

"Entretanto, os candidatos presidenciais não parecem muito interessados em discutir os verdadeiros problemas que afectam o país - eles lá saberão porquê."

O Fernando Nobre e o Francisco Lopes não têm falado de outra coisa. Mais o primeiro que o segundo, já que o Lopes não está realmente a concorrer para Presidente de coisa nenhuma.

Depois quixa-se que nada muda e que o "centrão" isto e aquilo. São precisamente os queixosos que continuam a alimentar o monstro.

10 de janeiro de 2011 às 13:36  
Blogger Unknown said...

Reformas dos políticos por mês: oitenta milhões de euros

Reformas milionárias (cerca de 4000 pessoas) por mês: vinte milhões de euros

De salientar que as segundas são maioritariamente relativas a "tachos" de origem política.

10 de janeiro de 2011 às 13:38  

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