26.1.11

Eleições presidenciais de 2011 - O Nó Cego

Por António Barreto

O PRESIDENTE
eleito não vai ter surpresas. Já sabe que país tem e o estado em que se encontra. O governo e os partidos também não. Sabem o que têm e o que fizeram. E sobretudo o que adiaram. Surpresas, a breve prazo, talvez as tenham os cidadãos. O nó cego na vida política portuguesa e o impasse na actividade económica e na situação financeira exigem acção. Depois de cinco anos de adiamento e de agravamento, após quase dois anos de suspensão e azedume, já não é mais possível fazer de conta, protestar de modo impotente ou olhar para o lado. O que se segue a esta eleição de calendário não é previsível. Grande remodelação? Coligação tardia? Demissão do governo? Dissolução do Parlamento? Iniciativa presidencial? Novas eleições? Novos pacotes de austeridade? Chegada do FMI e do Fundo Europeu? Nova intervenção política da Alemanha e da União Europeia? Tudo pode acontecer. Os dirigentes políticos nacionais já quase não são mestres da sua decisão. As grandes instituições nacionais parecem cercadas e incapazes. Tal como estiveram desde as últimas eleições legislativas, há quase ano e meio, à espera de umas presidenciais ineficazes. (...)

Texto integral [aqui]

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2 Comments:

Blogger GMaciel said...

Está tudo muito correcto, o problema é que NÓS deixámos que tudo isto acontecesse

Porque nos demitimos de pensar, porque olhamos a política com a mesma profissão de fé do futebol, porque perdemos o pendor crítico, porque gostámos do crédito fácil e mais gostámos de acreditar que sempre seria um mar de rosas, porque nos habituámos ao "favorzinho", porque abraçámos os direitos e esquecemos os deveres, etc, etc, etc.

Para algo mudar há que mudar primeiro a mentalidade do português e isso não se faz em meia dúzia de anos.

26 de janeiro de 2011 às 14:35  
Blogger Ribas said...

O governo não está refém das instituições supranacionais. Pelo menos não o está em todas as matérias. Tem a responsabilidade, o dever e a legitimidade para arrumar a casa e fazer reformas. Tem obrigação e legitimidade para acabar de uma vez por todas com as regalias injustificadas deles próprios; desde acabar com secretários, secretárias, sub-secretários e com todos os encargos inerentes - gabinetes, carros, motoristas, ordenados; controlar despesas com gestores públicos e com empresas públicas (todas têm frotas de carros de luxo e qualquer um tem direito a um carro e com condutor); acabar com os polícias à porta dos Ministros (não servem para mais nada senão marcar o estatuto de Sr. Ministro); acabar com acumulação de reformas e reformas antecipadas; alienar empresas como a RTP (sorvedouros de dinheiro público e já proveniente de empréstimos caríssimos do exterior), no fundo acabar com a cagança desmesurada que está instalada, sem a qual poderiam bem viver. O ordenado que auferem chega bem para uma vida digna e desafogada e para se dedicarem de corpo e alma à causa pública e não apenas, aos seus interesses particulares.
Se o governo fizesse isto, já estaria a fazer muito. E isto não depende (por enquanto) do aval de nenhuma instituição supranacional para ser feito.

27 de janeiro de 2011 às 10:00  

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