26.1.11

Minorias

Por João Paulo Guerra

A DIRECÇÃO do PS deve entender o “socialismo” como a defesa das minorias. E assim, havendo um conflito quanto a novas regras no preço dos despedimentos, entre sindicatos, que representam os interesses de milhões de trabalhadores, e patrões, que constituem uns milhares de empresários, o Governo do PS entrou em cena para desempatar a favor da minoria, isto é, dos patrões. Os despedimentos passam a ser mais baratos para quem despede. Fica ainda pendente a questão de saber quem financia o fundo das indemnizações. A proposta do Governo PS diz que são os patrões. Mas como os patrões protestaram de imediato, é bem provável que o Governo do PS volte a desempatar a favor da minoria.

E foi governando assim que o PS passou de uma maioria absoluta em 2005 a uma maioria relativa em 2009 e em 2011 a uma minoria drástica. Governando assim não por qualquer questão de pragmatismo, mas porque dentro do PS a maioria está ao "centro", isto é, confunde-se com o PSD, do qual se distingue apenas em termos de clientela. Foi a maioria do PS que escolheu a liderança de Sócrates, com o seu lastro JSD, escorraçando Ferro Rodrigues, primeiro, e derrotando depois Manuel Alegre no Congresso. Foi por isso que o PS actual teve que criar os rótulos de "esquerda" e "socialismo" modernos, para se distinguir da verdadeira esquerda e do verdadeiro socialismo, isto é, o sector e o programa político do social.

A política do Governo do PS antecipava a iminência de um desastre eleitoral. O PS pensa que se aguenta no balanço remetendo esse desastre para as presidenciais. O que até lhe convém porque esta derrota nas presidenciais vai servir para varrer definitivamente a minoria que resta no PS com pensamento social. Agora, venham os despedimentos baratos.
«DE» de 26 Jan 11

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