O velho e o novo
Por A.M. Galopim de Carvalho
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EM NOSSA casa conservamos e olhamos com saudade os velhos utensílios. Temo-los guardado e não os vamos esquecer. Estão neles parte importante das nossas raízes. O velho kodak de fole, as “máquinas” de moer café e de picar a carne (de dar à manivela), o elegante fogareiro Hipólito e o candeeiro com chaminé de vidro, ambos a petróleo, as peneiras de seda de malha finíssima usadas nos purés, o tradicional almofariz de latão e o de madeira, ou gral, como ainda se diz e usa nos campos do Alentejo, o fervedor do leite, o ferro de engomar aquecido a carvão e um sem número de “monos” deram lugar a outras gerações de equipamentos. Tais velharias fazem parte daquele “minimuseu” que acabámos por ter em casa, neste acumular contínuo de anos e de coisas herdadas de pais e avós, a que vamos juntando as nossas – a telefonia a válvulas, a caneta com aparo para molhar no tinteiro, a ardósia ou “pedra” onde escrevemos as primeiras letras, a garrafa do pirolito, a câmara de filmar super-8, a máquina de escrever Underwood, posta de lado com a chegada do computador, peças que são agora as raízes próximas dos nossos filhos.
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