24.1.11

Ontem resolveu-se dúvida importante

Por Ferreira Fernandes

A TRADIÇÃO cumpriu-se: quem estava em Belém ganhou à 1.ª volta. Nada que os partidos não soubessem, eles que nas eleições de repetição de um Presidente apresentam sempre candidatos de segunda. Ou não apresentam candidato nenhum: em 1991, Cavaco Silva, então líder do PSD, deu apoio tácito a Soares.
Ontem, pois, a reeleição esperada de Cavaco, com uma vitória que não pode ser beliscada pela abstenção recorde (cabia a quem lhe dava luta, dá-la, e não o fez). A dúvida que havia para estas presidenciais situava-se num plano menor. Manuel Alegre, um franco-atirador do Partido Socialista que se apresentara à revelia do partido em 2006, voltou a fazê-lo em 2011. Com a soberba de patrão do milhão de votos então ganho, permitiu-se uma manobra nestas presidenciais: aceitou o apoio do Bloco de Esquerda, encostando o seu partido, o PS, à parede. Este, se não apoiasse Alegre, corria o risco de ter um candidato com menos votos que o do BE. Então, tivemos o PS a apoiar quem já era candidato de um partido que ainda não decidiu se deixou de ser revolucionário, o que é muito diferente de um candidato socialista arrastar, entre outros, um partido com dúvidas existenciais.
Era o PS misturável com este BE? - essa, a dúvida destas presidenciais. Uma boa votação de Alegre (e, sobretudo, uma 2.ª volta) alimentaria essa via. O esfarelar do famigerado milhão de votos repudiou essa ideia.
«DN» de 24 Jan 11

Etiquetas: ,

1 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

A outra forma de ver o assunto é que «Sócrates se livrou de M. Alegre de uma vez para sempre», como sucedeu com Carrilho, Cravinho...
Em termos realistas (de levar para a frente o programa de austeridade), Cavaco criar-lhe-á muito menos chatices do que Alegre.

(Muita gente já se esqueceu que Sócrates entrou para a política pela JSD)

24 de janeiro de 2011 às 10:48  

Enviar um comentário

<< Home