Nunca
Por João Paulo Guerra
«NÃO USAREMOS nunca a situação que herdámos como uma desculpa para aquilo que tivermos de fazer». A frase poderia ter sido proferida por Soares em relação aos governos provisórios e em particular ao «gonçalvismo», por Sá Carneiro ou Balsemão com respeito a Soares, outra vez por Soares dirigida a Balsemão, por Cavaco apontando para Soares, Mota e companhia do Bloco Central, por Guterres como indirecta a Cavaco, por Barroso denunciando Guterres, por Santana assestado a todo o mundo incluindo uma parte do PSD, por Sócrates virado a Santana ou Barroso ou ambos. Mas não.
A frase foi proferida por Pedro Passos Coelho, no dia 16 de Junho de 2011, no final da cerimónia de assinatura do acordo político de governação entre PSD e CDS-PP, num hotel de Lisboa. Louvando-se pelo facto de nenhum dossiê lhe escapar e de ter já em agenda tudo quanto havia a fazer para enfrentar a crise, o então candidato a primeiro-ministro prometeu que iria romper com esse hábito serôdio dos governantes portugueses que consiste em descarregar sobre o «governo anterior» todo o improviso, remedeio, arranjo de última hora, imposição ou cedência. Nada disso: o País «vai ter um Governo que não se vai desculpar com o que aconteceu antes nem com as dificuldades do presente para entregar o resultado que os portugueses querem receber».
Até que Passos Coelho descobriu, varrido para debaixo de algum tapete pelo «governo anterior», o «desvio (…) colossal», como Durão Barroso tinha descoberto o «Portugal de tanga». E como em política, à portuguesa, as promessas são removíveis, de geometria variável, por conta do «governo anterior» o Governo actual vai carregar os portugueses com mais e mais austeridade. Nunca pode ser até já. Na política em Portugal a única novidade está na lábia.
«NÃO USAREMOS nunca a situação que herdámos como uma desculpa para aquilo que tivermos de fazer». A frase poderia ter sido proferida por Soares em relação aos governos provisórios e em particular ao «gonçalvismo», por Sá Carneiro ou Balsemão com respeito a Soares, outra vez por Soares dirigida a Balsemão, por Cavaco apontando para Soares, Mota e companhia do Bloco Central, por Guterres como indirecta a Cavaco, por Barroso denunciando Guterres, por Santana assestado a todo o mundo incluindo uma parte do PSD, por Sócrates virado a Santana ou Barroso ou ambos. Mas não.
A frase foi proferida por Pedro Passos Coelho, no dia 16 de Junho de 2011, no final da cerimónia de assinatura do acordo político de governação entre PSD e CDS-PP, num hotel de Lisboa. Louvando-se pelo facto de nenhum dossiê lhe escapar e de ter já em agenda tudo quanto havia a fazer para enfrentar a crise, o então candidato a primeiro-ministro prometeu que iria romper com esse hábito serôdio dos governantes portugueses que consiste em descarregar sobre o «governo anterior» todo o improviso, remedeio, arranjo de última hora, imposição ou cedência. Nada disso: o País «vai ter um Governo que não se vai desculpar com o que aconteceu antes nem com as dificuldades do presente para entregar o resultado que os portugueses querem receber».
Até que Passos Coelho descobriu, varrido para debaixo de algum tapete pelo «governo anterior», o «desvio (…) colossal», como Durão Barroso tinha descoberto o «Portugal de tanga». E como em política, à portuguesa, as promessas são removíveis, de geometria variável, por conta do «governo anterior» o Governo actual vai carregar os portugueses com mais e mais austeridade. Nunca pode ser até já. Na política em Portugal a única novidade está na lábia.
«DE» de 25 Julho 11
Etiquetas: autor convidado, JPG
2 Comments:
Uma coisa é certa:
Finalmente, haja Deus, temos como primeiro ministro um homem de palavra, defensor da transparência e que para mais, espante-se, foi indigente até aos 37 anos,
Ai, ia-me mijando a rir depois desta tirada.
Um senhor muito conhecido, "autor convidado" do 'Sorumbático' (embora a título póstumo), vai comentar esta crónica em 'post' a afixar ainda hoje.
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