Cegueira
Por João Paulo Guerra
TODA a gente em Portugal teria a ideia que o País e muitos dos seus naturais andavam a gastar o que não tinham e que, mais tarde ou mais cedo, o descomedimento iria dar mau resultado.
Era assim no Estado, com o seu gigantesco aparelho sempre acrescentado de mais e mais caros ‘boys' e "boysadas", nas empresas públicas, nas parcerias público-privadas, nas autarquias, como nas regiões - em particular na Madeira das inaugurações permanentes -, como também da parte do cidadão comum, sempre espicaçado pelo marketing para consumir, recorrer ao crédito, endividar-se, até porque haveria sempre um empréstimo para pagar os empréstimos anteriores. E quando a política irresponsável de endividamento desse para o torto, o tratamento seria de choque e com dor. O que acontece é que, para além de chocante e doloroso, o tratamento também é cego. E doente que tenha escapado da doença não vai escapar de morrer da cura.
Adiante.
Um dia destes testemunhei o relato de algumas experiências actuais de docência num agrupamento de escolas, essa espécie de campos escolares criados para concentrar os alunos deslocalizados, designadamente de escolas fechadas. E contava um docente que chegara já a ter que interromper aulas pois os seus trinta e tal alunos, alguns dos quais sem lugar sentado, não aguentavam a temperatura no interior do contentor.
A política cega de cortes, num sector tão sensível, decisivo e estratégico como a educação, vai ter consequências nefastas que vão prolongar-se por décadas. O insucesso escolar entre crianças agrupadas em campos de concentração vai disparar para valores jamais vistos e a recuperação nunca se fará de um ano para o outro. Esta política é cega. E os seus efeitos vão constituir uma prolongada escuridão.
«DE» de 28 Set 11TODA a gente em Portugal teria a ideia que o País e muitos dos seus naturais andavam a gastar o que não tinham e que, mais tarde ou mais cedo, o descomedimento iria dar mau resultado.
Era assim no Estado, com o seu gigantesco aparelho sempre acrescentado de mais e mais caros ‘boys' e "boysadas", nas empresas públicas, nas parcerias público-privadas, nas autarquias, como nas regiões - em particular na Madeira das inaugurações permanentes -, como também da parte do cidadão comum, sempre espicaçado pelo marketing para consumir, recorrer ao crédito, endividar-se, até porque haveria sempre um empréstimo para pagar os empréstimos anteriores. E quando a política irresponsável de endividamento desse para o torto, o tratamento seria de choque e com dor. O que acontece é que, para além de chocante e doloroso, o tratamento também é cego. E doente que tenha escapado da doença não vai escapar de morrer da cura.
Adiante.
Um dia destes testemunhei o relato de algumas experiências actuais de docência num agrupamento de escolas, essa espécie de campos escolares criados para concentrar os alunos deslocalizados, designadamente de escolas fechadas. E contava um docente que chegara já a ter que interromper aulas pois os seus trinta e tal alunos, alguns dos quais sem lugar sentado, não aguentavam a temperatura no interior do contentor.
A política cega de cortes, num sector tão sensível, decisivo e estratégico como a educação, vai ter consequências nefastas que vão prolongar-se por décadas. O insucesso escolar entre crianças agrupadas em campos de concentração vai disparar para valores jamais vistos e a recuperação nunca se fará de um ano para o outro. Esta política é cega. E os seus efeitos vão constituir uma prolongada escuridão.
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1 Comments:
Se pensarmos que é da escuridão dos outros que se alimenta a mediocridade de quem ocupa os lugares cimeiros, esta política faz todo o sentido.
O que já não faz sentido, é verificar o marasmo e anemia geral de quem vê o caminho e nada faz para o impedir e/ou alterar.
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