26.9.11

Porque gostamos da Mulher Ketchup?

Por Ferreira Fernandes

A HISTÓRIA é boa de contar, tem crime mas não se fica com sabor a sangue. Só ketchup. É a história de Pindobaçu, vilória da Bahia, hoje universalmente famosa por causa da Mulher Ketchup.
A Mulher Ketchup é de enredo simples, é da Bahia como Jorge Amado. É assim: Maria Nilza gostava de Dirlan, homem de Erenildes, e quis livrar-se do empecilho. Contratou o ex-presidiário Carlos Roberto para a matar. Acordou-se o preço, mil reais, quase 400 euros. Esperta, Maria Nilza não pagou à cabeça, prometeu só para depois do serviço. E quando Carlos Roberto chegou com a foto de Erenildes, amarrada, amordaçada, camisola pingando sangue e tão morta que até se via o facalhão cravado no peito (embora, bem olhado, podia estar espetado perto da axila), Maria Nilza pagou o devido. Só que, dias depois, ela cruzou-se com a morta.
Mulher para quem a palavra vale acordo no notário, Maria Nilza foi à polícia apresentar queixa. Foi assim que se soube da combinação entre o "assassino" e a "morta", e da foto forjada. E começou a fama de Erenildes, a Mulher Ketchup que já tem promessa de contrato publicitário com marca de ketchup e, talvez, carreira política porque Pindobaçu está grata por ter sido posta no mapa.
Nas últimas eleições brasileiras apareceu uma candidata que ficou conhecida como Mulher Melão, mas era só imagem sem conteúdo. A Mulher Ketchup tem programa, daí a sua fama internacional: o género humano está ávido de histórias sem sangue.
«DN» de 26 Set 11

Etiquetas: ,