Louvor às caixas de comentários
Por Ferreira Fernandes
O GÉNERO humano aprendeu há muito que o falar tudo é para malucos e por isso introduziu regras no falar. Por exemplo, em 1632 ninguém na Covilhã pedia um bilhete de comboio para Aveiro, até porque o comboio ainda não tinha sido inventado. Mas se um maluco insistisse em gritar pelo bilhete, seria enxotado da fila (que era provavelmente para comprar pão).
Digo isto para concordar com o provedor do Leitor do DN, Oscar Mascarenhas, que ontem disse que permitir, nas caixas de comentários dos jornais, o que se escreve e desenha nas paredes das sentinas públicas nada tem a ver com liberdade.
As caixas de comentários pertencem ao enorme passo da humanidade que nos trouxe a Internet. Esta pôs todos a falar, e todos a ouvir todos. Exatos ou treslendo, os comentários dos leitores já não permitem o por ou contra, são uma inevitabilidade. E boa: facilitam a opinião a quem não tinha acesso a ela, responsabilizam e emendam os jornalistas, fornecendo-lhes, afinal, aquilo por que eles sempre suspiraram, o feedback (a apreciação dos leitores).
Dito isto, quando há uma mãe negra a dar um beijo no seu bebé e a notícia é que o bebé acabou de morrer, e na caixa de comentário há um leitor que escreve: "Ainda bem, vamos pagar menos subsídios", eu tenho três certezas. Uma, é que aquilo não é uma caixa de comentários, é um esgoto; e, duas, aquilo não é um leitor, é um canalha. E a terceira é que ambos "aquilos" têm de ser extirpados.
«DN» de 29 Jan 12O GÉNERO humano aprendeu há muito que o falar tudo é para malucos e por isso introduziu regras no falar. Por exemplo, em 1632 ninguém na Covilhã pedia um bilhete de comboio para Aveiro, até porque o comboio ainda não tinha sido inventado. Mas se um maluco insistisse em gritar pelo bilhete, seria enxotado da fila (que era provavelmente para comprar pão).
Digo isto para concordar com o provedor do Leitor do DN, Oscar Mascarenhas, que ontem disse que permitir, nas caixas de comentários dos jornais, o que se escreve e desenha nas paredes das sentinas públicas nada tem a ver com liberdade.
As caixas de comentários pertencem ao enorme passo da humanidade que nos trouxe a Internet. Esta pôs todos a falar, e todos a ouvir todos. Exatos ou treslendo, os comentários dos leitores já não permitem o por ou contra, são uma inevitabilidade. E boa: facilitam a opinião a quem não tinha acesso a ela, responsabilizam e emendam os jornalistas, fornecendo-lhes, afinal, aquilo por que eles sempre suspiraram, o feedback (a apreciação dos leitores).
Dito isto, quando há uma mãe negra a dar um beijo no seu bebé e a notícia é que o bebé acabou de morrer, e na caixa de comentário há um leitor que escreve: "Ainda bem, vamos pagar menos subsídios", eu tenho três certezas. Uma, é que aquilo não é uma caixa de comentários, é um esgoto; e, duas, aquilo não é um leitor, é um canalha. E a terceira é que ambos "aquilos" têm de ser extirpados.
Etiquetas: autor convidado, F.F
4 Comments:
Esteve quase sempre bem, acaba de forma fraquiiiiiiiiinhhhhhaaaaaaaaa, isto para não dizer outra coisa.
A sua linha de argumentos tem as suas virtudes, mas tem um defeito que é o prio deles todos, onde é que está linha que define o que é digno de figurar e o que não é? Quem decide?
Acho mais correcto não colocar caixas de comentários do que colocá-las e depois fazer censura, sim porque é de censura que se trata!
O texto a que F.F. se refere pode ser lido [AQUI].
Tanto quanto sei, no entanto, a solução para o problema é fácil:
Não é preciso acabar com os comentários, nem sequer introduzir a "moderação" dos mesmos (que, no entanto, existe em todas as "Cartas ao Director", nas versões em papel, sem que a isso se chame "censura" - nenhuma publicação do mundo divulga uma carta nessas condições).
Basta que, como se faz aqui no 'Sorumbático', não sejam permitidos comentários anónimos.
Mesmo que haja comentadores que contornam essa limitação recorrendo a 'nicknames', nota-se de imediato uma quebra acentuada dos comentários simplesmente insultuosos. Até porque não é preciso ser nenhum 'hacker' para descobrir as identidades de muitos deles...
Engano seu, é muito fácil esconder a identidade, e não é necessário ser "hacker" para tal.
Como sabe, existem "milhentos" "proxies" e "anonymizers" por essa Internet fora ;-) basta querer!
Claro. Eu só estou a pensar naqueles (e naquelas) que, não usando esses truques, identifiquei.
Um deles, convidei-o até para almoçar. Aceitou, e foi divertido...
A uma delas, enviei-lhe um livro para casa...
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