O líder
Por João Paulo Guerra
MANUEL Carvalho da Silva, que deixou pelo seu pé a liderança da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses/Intersindical Nacional, foi dos raríssimos líderes da sociedade portuguesa que conseguiu juntar em si mesmo e exercer características de combatividade e firmeza a par de um raro sentido do equilíbrio e do bom senso.
Em geral, os dirigentes caem para uma banda só: ou intransigentes até à intolerância, e quando olham para trás seguem sozinhos por uma estrada de ninguém; ou intempestivos até à sobrexaltação, incapazes de avaliar cada circunstância e momento. Manuel Carvalho da Silva nunca cedeu em questões de princípio - e poucos em Portugal poderão e saberão falar com tanto conhecimento e propriedade de direitos e conquistas dos trabalhadores - mas soube fugir ao cerco do sectarismo e às armadilhas dos interesses.
Presença incansável em todas as grandes lutas de trabalhadores em Portugal, nos últimos 30 anos, Manuel Carvalho da Silva não se deixou afundar no tarefismo - de onde se perde a visão de conjunto da tarefa - e até ganhou tempo para pensar e estudar. A apresentação pública da sua tese de doutoramento em sociologia foi um momento alto do raro debate de ideias em Portugal, reunindo na mesma sala mulheres e homens de pensamento aberto da classe política, da economia, da Igreja, a representações interessadas do mundo do trabalho e da luta social.
O mundo acelerado e inadvertido em que Portugal vive não se cansa de lhe traçar cenários para o futuro, talvez por haver muita gente inquieta com o mundo em que irá mover-se um homem com tanto e justo carisma. Manuel Carvalho da Silva merece que o deixem um pouco em paz. Bem lhe basta ter perdido o cenário sem par da janela do seu gabinete na sede da CGTP.
«DE» de 30 Jan 12MANUEL Carvalho da Silva, que deixou pelo seu pé a liderança da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses/Intersindical Nacional, foi dos raríssimos líderes da sociedade portuguesa que conseguiu juntar em si mesmo e exercer características de combatividade e firmeza a par de um raro sentido do equilíbrio e do bom senso.
Em geral, os dirigentes caem para uma banda só: ou intransigentes até à intolerância, e quando olham para trás seguem sozinhos por uma estrada de ninguém; ou intempestivos até à sobrexaltação, incapazes de avaliar cada circunstância e momento. Manuel Carvalho da Silva nunca cedeu em questões de princípio - e poucos em Portugal poderão e saberão falar com tanto conhecimento e propriedade de direitos e conquistas dos trabalhadores - mas soube fugir ao cerco do sectarismo e às armadilhas dos interesses.
Presença incansável em todas as grandes lutas de trabalhadores em Portugal, nos últimos 30 anos, Manuel Carvalho da Silva não se deixou afundar no tarefismo - de onde se perde a visão de conjunto da tarefa - e até ganhou tempo para pensar e estudar. A apresentação pública da sua tese de doutoramento em sociologia foi um momento alto do raro debate de ideias em Portugal, reunindo na mesma sala mulheres e homens de pensamento aberto da classe política, da economia, da Igreja, a representações interessadas do mundo do trabalho e da luta social.
O mundo acelerado e inadvertido em que Portugal vive não se cansa de lhe traçar cenários para o futuro, talvez por haver muita gente inquieta com o mundo em que irá mover-se um homem com tanto e justo carisma. Manuel Carvalho da Silva merece que o deixem um pouco em paz. Bem lhe basta ter perdido o cenário sem par da janela do seu gabinete na sede da CGTP.
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1 Comments:
Muita paz há-de ter Manuel Carvalho da Silva quando morrer.
Por mim, muito gostaria que muitos começassem a pensar nele para Presidente da República.
Provas deu o Homem. E desejar não é proibido.
Pois se há quem esteja a pelejar pelo regresso de Sócrates!, por que não havemos de querer em voz alta, o melhor que temos no país?
Muito farto de águas pantanosas, penso-o e digo-o.
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