«Dito & Feito»
Por José António Lima
AS CAVAQUISTAS e os cavaquistas anónimos que encheram as primeiras páginas dos jornais no passado fim-de-semana tinham dois objectivos demasiadamente evidentes.
O primeiro era o de recolocar Cavaco Silva no centro do debate político por razões ponderáveis e substanciais – como as suas não confessadas discordâncias em relação à política orçamental e fiscal do Governo – tentando fazer esquecer, ou passar para segundo plano, a tremenda gafe presidencial sobre as suas despesas e pensões, que teima em persistir na ribalta política.
O segundo objectivo era distanciar o Presidente da República – que se arrisca a ver a sua passagem por Belém irremediavelmente associada, no futuro, ao pior período de recessão económica e empobrecimento do país desde o 25 de Abril (em contraponto com a imagem desenvolvimentista e de progresso social que deixara na sua década como primeiro-ministro) – desta dolorosa cura de austeridade e de sacrifícios acrescidos a que o Governo e a troika estão a sujeitar a maioria dos portugueses. Para tanto, as cavaquistas e os cavaquistas de serviço não se coibiram de apontar alegadas divergências de Cavaco em relação ao tratamento dado pelo Governo aos pensionistas, ao corte na despesa feito sobretudo com a redução da massa salarial dos funcionários públicos e não com a diminuição das ‘gorduras’ do Estado ou à falta de equidade da política fiscal, culminando na sugestão de afastamento do ‘ultraliberal’ ministro das Finanças. Eis todo um catálogo, sem limites nem decoro, de distanciamento político e falta de solidariedade institucional.
Foi, todavia, uma jogada política canhestra e mal calculada nas suas inevitáveis e contraproducentes consequências. Que não gerou simpatia nem reconciliação com a figura do Presidente. Antes pelo contrário. Ao ponto de se verem conselheiros de Estado como Marcelo Rebelo de Sousa a exigir a tão «irresponsáveis cavaquistas» que «se calem e desamparem a loja» ou como Marques Mendes a alertar para o perigo de o Presidente «deixar de ser árbitro da vida nacional e passar a ser visto como contrapoder ou oposição aos governos».
Depois de mais este passo em falso, só resta a Cavaco Silva impor rigorosas regras de silêncio em Belém. Por um prazo considerável. E, se possível, incluindo-se a ele próprio.
«SOL» de 3 Fev 12AS CAVAQUISTAS e os cavaquistas anónimos que encheram as primeiras páginas dos jornais no passado fim-de-semana tinham dois objectivos demasiadamente evidentes.
O primeiro era o de recolocar Cavaco Silva no centro do debate político por razões ponderáveis e substanciais – como as suas não confessadas discordâncias em relação à política orçamental e fiscal do Governo – tentando fazer esquecer, ou passar para segundo plano, a tremenda gafe presidencial sobre as suas despesas e pensões, que teima em persistir na ribalta política.
O segundo objectivo era distanciar o Presidente da República – que se arrisca a ver a sua passagem por Belém irremediavelmente associada, no futuro, ao pior período de recessão económica e empobrecimento do país desde o 25 de Abril (em contraponto com a imagem desenvolvimentista e de progresso social que deixara na sua década como primeiro-ministro) – desta dolorosa cura de austeridade e de sacrifícios acrescidos a que o Governo e a troika estão a sujeitar a maioria dos portugueses. Para tanto, as cavaquistas e os cavaquistas de serviço não se coibiram de apontar alegadas divergências de Cavaco em relação ao tratamento dado pelo Governo aos pensionistas, ao corte na despesa feito sobretudo com a redução da massa salarial dos funcionários públicos e não com a diminuição das ‘gorduras’ do Estado ou à falta de equidade da política fiscal, culminando na sugestão de afastamento do ‘ultraliberal’ ministro das Finanças. Eis todo um catálogo, sem limites nem decoro, de distanciamento político e falta de solidariedade institucional.
Foi, todavia, uma jogada política canhestra e mal calculada nas suas inevitáveis e contraproducentes consequências. Que não gerou simpatia nem reconciliação com a figura do Presidente. Antes pelo contrário. Ao ponto de se verem conselheiros de Estado como Marcelo Rebelo de Sousa a exigir a tão «irresponsáveis cavaquistas» que «se calem e desamparem a loja» ou como Marques Mendes a alertar para o perigo de o Presidente «deixar de ser árbitro da vida nacional e passar a ser visto como contrapoder ou oposição aos governos».
Depois de mais este passo em falso, só resta a Cavaco Silva impor rigorosas regras de silêncio em Belém. Por um prazo considerável. E, se possível, incluindo-se a ele próprio.
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