29.2.12

Subsídio

Por João Paulo Guerra

O GOVERNO vai pagar às agências privadas de emprego que arranjem trabalho a desempregados não subsidiados. Não sei se estão a ver o autêntico número de prestidigitação. O Governo tem andado a ver se esmifra, cêntimo a cêntimo, todos os subsídios e prestações sociais. O subsídio de desemprego, por exemplo, foi espremido por todas as exigências patronais, secundadas pelo Governo e respetivos partidos e até mesmo por alguns sindicatos. Pois quando chegaram à conclusão que não há mais nada para a espremedura, os governantes tiveram a ideia verdadeiramente luminosa: desviar os derradeiros fundos do subsídio para agências privadas de emprego que arranjem trabalho a desempregados não subsidiados.

A luminosa ideia acaba de vez com o subsídio de desemprego, alimenta por algum tempo agências privadas de emprego, substitui e vai minando o papel do Estado na responsabilidade de formação e colocação de desempregados. A cereja no cimo deste bolo é a instituição pagante, o Instituto de Emprego e Formação Profissional, que avançará por antecipação com verbas para as agências privadas de emprego proporcionais ao número de trabalhadores que venham a colocar.

Há uma questão de meridiana transparência no meio de todo este imbróglio. Não haveria nada de mais justo, mais linear, mais eficaz que o Estado pagar o subsídio de desemprego e os Centros de Emprego tratarem mesmo de colocar os desempregados, enquanto o Instituto do Emprego e Formação profissional formava e colocava desempregados. Sem intermediários a receberem por fora e sem agências privadas a faturarem à condição.

Dizem que o programa foi um êxito no Reino Unido e na Suécia. Por cá também haverá muita gente que já anda a esfregar as mãos. Mas não são desempregados.
«DE» de 27 Fev 12

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