29.2.12

Óscares, batatas fritas e primárias

Por Ferreira Fernandes

HOUVE tempos, ainda recentes, em que os franceses eram mais mal vistos na América do que índio em filme com John Wayne.
Há dez anos, os restaurantes do Capitólio, em Washington, mudaram as ementas. Deixaram de chamar francesas (French fries) às suas batatas fritas, trocando-lhes o nome para batatas fritas da liberdade (freedom fries). Não era uma decisão menor: dizer que as batatas eram à moda francesa vinha do tempo de Thomas Jefferson, um dos pais fundadores dos Estados Unidos.
A revolta das ementas era uma resposta a Paris, que criticara a intervenção americana no Iraque.
Essa guerra franco-americana fez pelo menos uma vítima: uma das razões para o candidato democrata John Kerry ter sido derrotado nas presidenciais de 2004 foi ter sido acusado de falar francês com fluência. Hoje, o republicano moderado Mitt Romney tem sido acusado do mesmo pelos falcões do seu partido. Parece que rola os erres com a classe de Jacqueline Kennedy, que era Bouvier, nome de origem francesa.
Escrevo antes de saber se Romney perdeu ou não a primária no seu estado natal, Michigan. O desaire implicaria talvez a sua desistência e a escolha republicana recairia em Rick Santorum, um candidato que mesmo que falasse latim só diria barbaridades. A esperança de Romney para esta madrugada repousa na madrugada de segunda-feira: falar francês já não é crime nos Estados Unidos e até já dão Óscares quando esse falar é mudo.
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