8.2.12

Uma ficção divertida a propósito do Acordo Ortográfico

Por A. M. Galopim de Carvalho

Depois de ler no DN de hoje o artigo de Vasco Graça Moura, “Intimação ao Professor Malaca”, sentei-me frente ao computador, e rabisquei as linhas que se seguem no português de Portugal, lembrando que, também eu, não escrevo segundo o tão falado acordo ortográfico.

CIRCULOU e, muito provavelmente, ainda circula na net um pequeno texto (meia dúzia de linhas) que evidencia algumas das situações anedóticas, e até ridículas, do famigerado acordo ortográfico que, em minha modesta opinião, nos envergonha pela menoridade e estupidez de quem aqui o aceitou adaptar a exigências externas e pela subserviência de quem o colocou em letra de lei.

Se, como alguém escreveu, a origem de muitas das palavras agora beliscadas na sua ortografia, “está, e bem, na Velha Europa, porque é que temos de nos submeter ao modo de escrever dos nossos irmãos do outro lado do Oceano?”

“Esta submissão – continua o mesmo texto - é um atentado à cultura portuguesa, incompreensivelmente perpetrado por intelectuais portugueses e, infelizmente, homologado por quem teve poder para tal.”

“Quanto a mim, - dizia ainda o autor do mesmo texto - à semelhança de muitos dos meus concidadãos, estou-me nas tintas para o acordo e vou continuar a escrever no português de Portugal.”

E esta mesma e justa contestação não pára de se manifestar por respeitados utilizadores da língua portuguesa escrita, sendo frequentes as declarações de rejeição do infeliz acordo.

Comentando com um compadre esta opinião, ele foi lesto na sua apreciação. Homem erudito, profundo conhecedor da língua e da vida nos campos do Alentejo, disse, usando da simplicidade e da frontalidade que o caracteriza.

- Olhe, compadre, no que respeita a esse acordo, deixe-me dizer que me fartei de argumentar contra este dislate, usando os conhecimentos que acumulei ao longo de uma vida de estudo e tive do meu lado alguns dos mais ilustres filólogos deste país. Foi tudo em vão. Foi chover no molhado. Daqui em diante, quanto a este assunto, digo-lhe a si e a quem me quiser ouvir que também eu me estou nas tintas (isto para não dizer o mesmo de uma maneira mais intestinal) para o dito acordo, para os “intelectuais” que o conceberam e formalizaram e para os políticos que o aprovaram.

Etiquetas:

2 Comments:

Blogger 500 said...

Sem mais!

8 de fevereiro de 2012 às 22:52  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Para a discussão sobre o Novo Acordo Ortográfico de 1990 (!) "já dei".

Aliás, uma consulta ao Dicionário Priberam (quando se trata de palavras alteradas) diz tudo:
O paradigma é indicar a versão portuguesa e a versão brasileira, e informar-nos que esta é que prevalece.
Quando isso não sucede, aceitam-se ambas as grafias (temos a sorte de nos darem à escolha "espectador" e "espetador").
Até hoje, ainda não encontrei um caso em que sucedesse o inverso.

Aliás, o argumento brasileiro («As alterações para se 'escrever como se lê', são para ajudar a combater o analfabetismo no Brasil») diz tudo.

9 de fevereiro de 2012 às 06:34  

Enviar um comentário

<< Home