28.3.12

Guloseimas

Por João Paulo Guerra

CONTA o Diário de Notícias que o Serviço de Informações de Segurança elaborou e distribuiu por todas as forças policiais um relatório sobre uma situação de caos iminente na cidade de Lisboa, no dia da greve geral, com ruas bloqueadas e explosões de cocktails Molotov e outros.

Como se sabe não aconteceu nada de «inopinado» e «radical» do que o SIS previra. Ou as fontes do SIS estão inquinadas ou os analistas das Secretas portuguesas andam a ver muitos filmes de terror.

Quanto às forças policiais, em geral, e em particular ao Corpo de Intervenção da PSP, basta que os graduados e agentes andem a ler muitos relatórios do SIS, na linha do que veio agora a público, para ficarem transtornados, com os nervos à flor da pele, perante uma visão distorcida de um pequeno país infiltrado por indignados, ciclistas, okupas, e outros perigosos frequentadores das redes sociais.

A questão é que não há qualquer tipo de controlo sobre a idoneidade das fontes, internas ou externas, que o SIS selecciona e credita como boas. Em tempos idos - que podem estar de volta - fontes dos serviços secretos convenceram o poder político sobre uma iminente «revolução dos pregos».

Sabe-se lá que fantasias são impingidas ao SIS, que guloseimas, que bagatelas - como diz John Le Carré em A Toupeira -, são pespegadas como produtos de qualidade aos diligentes espiões portugueses. E sabe-se lá qual a predisposição do SIS para engolir guloseimas e credibilizar bagatelas dos seus fornecedores, o que ainda é mais grave.

Pelo que agora chegou à opinião pública, um perigo real que pode a qualquer momento pairar sobre o País é o de uma intoxicação através de guloseimas envenenadas, sem antídoto, sem defesa.
«DE» de 28 Mar 12

Etiquetas: