26.3.12

É de longe mas tem interesse

Por Ferreira Fernandes

MITT Romney vai ser o candidato republicano e os portugueses estão-se nas tintas. Está bem, mas eu tento refugiar-me em assuntos que me distraiam da possibilidade de um dia a SIC Notícias pôr uma moto com reporter-cameraman a seguir o trator em que o presidente da Junta de Freguesia de Vale da Coelha se desloca para a tomada de posse.
Entretanto, como quem vai à Disneyworld (é para miúdos, mas areja adultos cansados do nosso jornalismo político), li ontem um artigo do New York Times sobre as relações entre Romney e o falecido Ted Kennedy. Política com gente dentro. Sr. Limpo (marido fiel, empresário de sucesso, sóbrio militante), Romney foi disputar, em 1994, o lugar de senador com um velho democrata cheio de pecados (Ted era borrachão e mulherengo).
Só que a disputa era no Massachusetts, feudo de Ted e liberal de costumes, e o republicano Romney teve de namorar com as ideias de aborto e direitos gays. Romney perdeu essa eleição, mas tornou-se governador de Massachusetts em 2002.
Mais uma vez se deixou enfeitiçar por Ted Kennedy e apoiou o seguro estatal de saúde.
Hoje, esses pecadilhos são a causa principal da desconfiança do eleitorado conservador. Romney, por causa de Kennedy, é um republicano mal amado. Há quatro anos, o penúltimo ato político de Ted Kennedy foi apoiar Obama contra Hillary. O último, já da campa, é assombrar Romney - e voltar a apoiar Obama.
Isto pode não ser connosco, mas ao menos tem enredo.
«DN» de 26 Mar 12

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