A medida por que todos esperávamos
Por Ferreira Fernandes
NA CANÇÃO J'Arrive, Jacques Brel, o homem que mais sentidamente disse palavras, diz aquela que melhor diz: "crisântemo". Ele vai, "de crisântemos em crisântemos", cada vez mais solitário, vendo partir os seus.
Os crisântemos são as flores preferidas dos cemitérios, e eis-nos da canção para a atualidade: a Câmara de Matosinhos quer proibir as flores artificiais nos seus dois cemitérios municipais.
Assistam aos programas televisivos da manhã e vejam a emoção popular que o novo regulamento está a causar. Flores de plástico numa campa, qualquer pessoa de bom gosto o dirá, é feio. Aliás, eu considero de mau gosto enterrar os seus e não mandar vir uma funeral jazz band de Nova Orleães, marcha compassada, tocando When the saints go marching in. Mas, enfim, admito que nem todos possam ter do que as pessoas de bom gosto de todo o mundo, incluindo Matosinhos, naturalmente não prescindem.
Há algum povo que abdica de contratar bandas com clarinetes e tubas e se fica pelos ramos de flores. Como já referi, preferencialmente, pelos crisântemos. Sabem porquê? Porque, com as suas pétalas finas, são as flores mais duráveis.
O Brel que me perdoe, foi aí, nos chrysanthèmes, que os cemitérios começaram a perder-se. O povo, sabe-se como ele é, vendo a mão estendida, agarrou logo no braço, e, com o argumento do durável, foi para as flores de plástico.
Multe-se, pois, e o bom gosto voltará aos nossos cemitérios habitualmente tão belos.
«DN» de 24 Mar 12NA CANÇÃO J'Arrive, Jacques Brel, o homem que mais sentidamente disse palavras, diz aquela que melhor diz: "crisântemo". Ele vai, "de crisântemos em crisântemos", cada vez mais solitário, vendo partir os seus.
Os crisântemos são as flores preferidas dos cemitérios, e eis-nos da canção para a atualidade: a Câmara de Matosinhos quer proibir as flores artificiais nos seus dois cemitérios municipais.
Assistam aos programas televisivos da manhã e vejam a emoção popular que o novo regulamento está a causar. Flores de plástico numa campa, qualquer pessoa de bom gosto o dirá, é feio. Aliás, eu considero de mau gosto enterrar os seus e não mandar vir uma funeral jazz band de Nova Orleães, marcha compassada, tocando When the saints go marching in. Mas, enfim, admito que nem todos possam ter do que as pessoas de bom gosto de todo o mundo, incluindo Matosinhos, naturalmente não prescindem.
Há algum povo que abdica de contratar bandas com clarinetes e tubas e se fica pelos ramos de flores. Como já referi, preferencialmente, pelos crisântemos. Sabem porquê? Porque, com as suas pétalas finas, são as flores mais duráveis.
O Brel que me perdoe, foi aí, nos chrysanthèmes, que os cemitérios começaram a perder-se. O povo, sabe-se como ele é, vendo a mão estendida, agarrou logo no braço, e, com o argumento do durável, foi para as flores de plástico.
Multe-se, pois, e o bom gosto voltará aos nossos cemitérios habitualmente tão belos.
Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Sinceramente, sou pouco de ir a cemitérios. Não é medo. Fazem-me um bocado de confusão, os luxuosos "Jazigos de Família", que davam para albergar numerosos sem abrigo, em vez de serem última morada, de mortos.
No entanto, de vez em quando, tenho de ir ao cemitério. A minha mãe e a minha sogra, tinham o culto dos mortos. Por respeito pela memória delas, lá vou por umas flores frescas. Nunca crisântemos. Não gosto.
Uma das coisas, que mais agradeço ao meu pai, foi ter optado pela cremação. Sem campa, não há flores, nem cemitério.
Adoro flores e gosto que mas dêem. Mas agora, enquanto estou viva. Depois serei um monte de cinzas, deitado em qualquer lugar. Guardem o dinheiro das flores ou, dêem-no a alguém que precise.
Também gosto do Brel.
Maria
Enviar um comentário
<< Home